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CONVERSANDO SOBRE A UMBANDA
CONVERSANDO SOBRE A UMBANDA
SEJA MUITO BEM VINDO!
Que as bênçãos de Pai Oxalá estejam sempre presentes em sua vida.
Sou Luiz de Miranda Presidente e Sacerdote da Casa de Umbanda do Caboclo 7 Penas, com mais de quarenta anos dedicados aos atendimentos fraternais e divulgação da nossa querida Umbanda.
Um site dedicado a dividir com adeptos da Umbanda, conhecimentos e experiências, sem a pretensão da verdade absoluta.
VOCÊ É MACUMBEIRO?
Difícil encontrar um adepto da Umbanda ou Candomblé que não tenha tido que responder a essa pergunta. Muitos inclusive, se ofendem, e com razão, pois a pergunta vem carregada de preconceito e discriminação. Já no meio em que vivem os adeptos das religiões de matriz africana, tratarem-se dessa forma, é normal, pois sabem perfeitamente o que significa ser macumbeiro.
Existem vários estudos sobre a origem da palavra macumba, dentre eles, citaremos alguns:
1-Árvore da família da famosa jequitibá, considerada sagrada para o povo africano. De sua madeira se produz um instrumento de percussão, que leva o mesmo nome. Este instrumento é semelhante ao reco-reco, e que era muito usado nos rituais de adoração aos Orixás, que eram feitos sob a copa desta árvore. No entanto, muito além dessas definições, a macumba é sim um culto, uma forma bem similar às práticas da Umbanda atual. Pra que a gente entenda melhor, vamos lá: logo após a abolição da escravidão, bem sabemos que a maioria dos negros ficaram sem emprego e consequentemente, sem comida e lugar para viver. Daí, a única coisa que tinham para superarem tanta miséria, era usar seus conhecimentos de magia, para atenderem aos interesses dos homens e mulheres brancos, que os procuravam para pedir todo tipo de magia, pagando com altas quantias pelos trabalhos realizados. Esses trabalhos de magia, tinham várias finalidades: cura de doenças, amarrações, vinganças, pedidos de proteção, melhorias nas plantações e colheitas, livramento de pragas e doenças em suas plantações e criações de animais, sorte em jogos de azar, brigas por disputa de terras, e uma infinidade de magias que os negros manipulavam com muita astúcia e sabedoria.
Dentre vários significados da macumba, considerando a diversidade da língua banto, Nei Lopes, profundo conhecedor do assunto e autor do dicionário banto do Brasil, afirma que kumba vem do quicongo e significa feiticeiro e o prefixo ma, forma o plural, ou seja: macumba, a reunião de feiticeiros.
Já o grande filósofo e etimólogo Antenor Nascentes, afirma que macumba vem do quimbundo dikumba, que significa cadeado ou fechadura, fazendo alusão aqui aos rituais secretos de fechamento de corpo.
Logo, macumba pode designar um instrumento, uma árvore, como também uma cerimônia religiosa.
“Macumbeiro: definição de caráter brincante e político que subverte sentidos preconceituosos atribuídos de todos os lados ao termo repudiado e admite as impurezas, contradições e rasuras como fundantes de uma maneira encantada de encarar e ler o mundo no alargamento das gramáticas. O macumbeiro reconhece a plenitude da beleza, da sofisticação e da alteridade entre as gentes. A expressão ‘macumba’ vem muito provavelmente do quicongo kumba, ‘feiticeiro’. Kumba também designa os encantadores das palavras, poetas. Macumba seria, então, a terra dos poetas do feitiço; os encantadores de corpos e palavras que podem fustigar e atazanar a razão intransigente e propor maneiras plurais de reexistência e “descacetamento” urgente pela radicalidade do encanto, em meio às doenças geradas pela retidão castradora do mundo como experiência singular de morte.” (Luiz Antonio Simas (Rio de Janeiro, 1967) é um historiador que se dedica sobre tudo às culturas populares do Brasil. É autor de, entre outros livros, O corpo encantado das ruas (Civilização Brasileira, 2019), Dicionário de história social do samba (José Olympio, 2015), com Nei Lopes, e Fogo no mato: a ciência encantada das macumbas, com Luiz Rufino (Mórula, 2018).
Vocês então, podem imaginar as reações das igrejas predominantes da época. Trataram logo de demonizar a macumba e a perseguirem seus seguidores, expondo-os a todo tipo de escárnio e torturas.
Não adiantou, os macumbeiros continuam vivos e praticando seus ritos.
Entendam que ser macumbeiro é ser feliz, é carregar em si uma força que incomoda aos hipócritas e infelizes, é ser livre para decidir sobre sua vida, assumindo as consequências de seus atos.
Ser macumbeiro é fazer o bem, e não permitir que lhe façam mal. É se proteger através da dança, das palmas, da fumaça do defumador, do charuto dos Caboclos e Exus. É se sentir abençoado ao beijar a mão de um Preto Velho, ao abraçar um Caboclo, ao brincar com uma criança, ao receber uma rosa da Pomba Gira, ao beber um gole da marafo do Boiadeiro e do Baiano.
Ser Umbandista, é ser macumbeiro sim! Afinal, nossa religião veio por eles, o povo banto, arrancado da Angola e outros países da África, e temos a obrigação de respeitar a história de sacrifícios e martírios que viveram, para que hoje possamos cultuar nossa fé com liberdade e respeito. Temos em nossa formação, o legado de um povo conhecedor dos mistérios de Deus, e que através desses conhecimentos, possibilitaram o surgimento da Umbanda, uma religião que é anunciada em novembro de 1908, através do Caboclo das Sete Encruzilhadas, incorporado no médium de 17 anos de idade, Zélio Fernandino de Moraes. Na realidade, a Umbanda continua sendo macumba. Considerando, que a Igreja Católica, à época, não deu nenhum acolhimento aos negros libertos, a Umbanda, já no século XX, surge não só para acolher essas pessoas, mas também para dar legitimidade ao seu culto. Lembrando aqui, que Zélio era um rapaz branco, de família tradicional católica e respeitada de classe média e com influência Espírita, o que facilitou a aceitação de grande parte da sociedade e das autoridades.
A Umbanda, é antes de tudo, respeito e honra à memória dos nossos antepassados. E pra isso, devemos viver de acordo com aquilo que aprendemos com eles: luta, verdade, determinação, coragem e amor pela vida em toda sua extensão.
É certo que ainda existe muito preconceito em relação a este tema, inclusive no próprio meio umbandista. Acredito, que por conta da falta de conhecimento, ainda associam macumba, a tudo que é do mal. Ledo engano!
Quem é filho da macumba, macumbeiro é, e merece respeito! Vivemos num país onde a liberdade de culto nos é garantida, e devemos lutar com determinação e dignidade, para que todo sacrifício dos nossos macumbeiros, não tenha sido em vão.
Saravá Umbanda!
Saravá Macumba!
(Luiz de Miranda- Pai no Santo)
Carta de Oxóssi para seus filhos
(psicografada pelo Pai no Santo Luiz de Miranda)
Meu filho tome sempre cuidado com os elogios que partem de pessoas que só querem tirar vantagens sobre você, e com isso, fazer de você a caça, ao invés de caçador. Não é à toa que sou seu Pai, para te ensinar a malícia e esperteza. Alguns te chamam de insensível, sem saberem que você prefere guardar seus sentimentos pra si, o que é uma forma de você se defender das decepções. Outros, te acusam de dissimulado ou sonso, não sabem eles que você gosta de “dar corda”só pra ver até onde vão.
Como um bom caçador, filho meu, zele por suas conquistas e guarde bem suas amizades. Como seu Pai, estarei sempre lhe inspirando e intuindo, levando até você todo frescor das matas e a sagacidade dos animais que nela habitam. Seja bom, mas nunca ingênuo. Seja cauteloso, mas nunca covarde. Seja leve como as penas do pavão e forte como as garras de um leão. E para finalizar, lembre-se sempre: não há vitória sem objetivo.
QUEM NÃO PODE COM MANDINGA
NÃO CARREGA PATUÁ
Muitos, com certeza, já ouviram esse ditado. No entanto, poucos conhecem o seu verdadeiro sentido. Ou seja: de nada adianta você carregar um patuá devidamente cruzado por uma Entidade, se ainda teme pelo mal que alguém possa te desejar. É preciso entender que na Umbanda aprendemos a enfrentar o mal, e não a fugir dele. Até porquê o mal sempre vai estar à espreita, aguardando uma chance para nos atingir. Fugir dele é impossível. Preciso é, que descubramos onde ele está atuando, e vencê-lo. Assim, como em qualquer doença que nos afete, não temos como fugir das reações que provoca. Não adianta negá-la, é preciso enfrentá-la, seguindo as orientações dos médicos, que irão prescrever os medicamentos e dietas necessários para o nosso restabelecimento.
Ninguém está livre das energias do mal. Portanto, é preciso estar atento, vigiando seus pensamentos e atitudes. Nenhum mal sobrevive onde o bem impera. E, para atrair as forças do bem, nada se faz mais necessário do que se alimentar de bons pensamentos e praticar boas atitudes.
Uma pessoa honesta e sincera, que vive de acordo com o que fala e ensina, que expressa verdadeiramente seus sentimentos, estará sempre amparada pelo bem. O que não quer dizer, que estará livre do mal. Mas, terá condições para enfrentá-lo e vencê-lo.
Já, aquelas pessoas que vivem em função de agradar aos outros, na espera de recompensas; que negam através de atitudes dissimuladas, seu orgulho e vaidade, se sentirão sempre perseguidas pelas vibrações do mal.
Ao carregar um patuá, tenha a certeza de que está carregando um elemento que te fará mais forte e consciente da sua própria força, te abrindo um canal com a espiritualidade para seu autoconhecimento; que tudo precisa partir de você para que tudo à sua volta se mantenha em equilíbrio e harmonia.
Todo mundo gosta de se sentir protegido, mas poucos sabem se proteger.
Se em algum momento você se sentir vítima de uma mandinga negativa, converse com teu Orixá, acenda sua vela, tome seu banho de ervas. Inspire e expire, na certeza de que o quê te alimenta é o bem que você faz. E, fazer o bem, é antes de tudo, estar com sua consciência tranquila, honrando seus compromissos, deveres e obrigações.
“Quem não pode com mandinga, não carrega patuá”: quem não tem coragem para enfrentar as adversidades, não está pronto para receber os distintivos da fé.
“O patuá tem raízes nas culturas e religiões de matrizes africanas. Tradicionalmente, são saquinhos que carregam a energia do axé e a força mágica do Orixá ou de qualquer outra entidade espiritual. Dependendo da finalidade do amuleto, pode conter diferentes componentes”.( https://www.selecoes.com.br/casa-decoracao/patua-aprenda-a-fazer-um-amuleto-de-protecao-contra-o-azar/)
(Luiz de Miranda – Pai no Santo)
A ALMA DA UMBANDA
(Luiz de Miranda – Pai no Santo)
Se a Umbanda pudesse ser definida em uma única Linha de Trabalho, certamente seria a Linha dos Pretos Velhos. Essas Entidades trazem consigo todos os fundamentos que alicerçam os pilares da Umbanda. Desde a travessia do Atlântico, até os dias atuais, são exemplos notáveis de fé, sabedoria e resistência. Trouxeram para o Brasil uma vasta cultura, que se estende pelas artes, culinária, religiosidade, cultivo e plantações, medicamentos naturais capazes de curar doenças, arquitetura e literatura.
É importante sempre ressaltar que os negros trazidos da África não eram escravos, e sim, escravizados, e que nunca aceitaram essa maldita condição imposta pelos colonizadores europeus, aqui no Brasil.
Falar de Preto Velho é falar de resistência, fé e coragem. Homens e mulheres que debruçados sobre suas dores, buscavam formas e maneiras de libertarem seu povo dos terríveis algozes. Uma luta que perdura até os dias de hoje, no que diz respeito a igualdade e equidade das raças, gênero e condições sociais.
Preto Velho é paciente, mas nunca acomodado, é tolerante, mas nunca permissivo, é bondoso, mas nunca ingênuo, é resignado, mas nunca conformado.
Preto Velho é a ancestralidade do povo brasileiro. Homens e mulheres de pele preta que derramaram seu sangue para libertar brancos, negros e indígenas de toda opressão. Preto Velho lutou e continua lutando por todos os marginalizados, por todos aqueles e aquelas que são desprezados, esquecidos e oprimidos pelo sistema colonialista da supremacia branca.
Sentar-se à frente de um Preto ou de uma Preta Velha, é ter a certeza que será acolhido por um espírito que sabe bem onde dói a ferida.
Geralmente, essas Entidades se vestem com roupas em xadrez preto e branco. Tal costume tem várias explicações, dentre elas: determinados escravos só podiam se vestir de branco ou xadrez preto e branco/ O uso era um protesto contra a segregação racial/ O equilíbrio entre a luz e a ausência dela/ o fim de uma existência e início de uma outra.
O seu cachimbo além de ser um meio de espargir energias negativas através da fumaça (mundo celestial), simboliza também o sagrado feminino (depositário das ervas) e o masculino (tubo de fumaça) e ainda o mundo terrestre (ervas).
Suas rezas e benzimentos tem grande poder de cura e alívio para as dores e doenças do corpo e da alma.
Uma palavra dita por um Preto Velho nunca deverá ser esquecida, pois nela está contida os fundamentos da sabedoria ancestral.
As primeiras incorporações de Pretos Velhos, deu-se no século XIX, em Terreiros de Macumba do Rio de Janeiro, e ainda, de acordo com alguns historiadores, no século XVIII em Terreiros de Calundu, em Minas Gerais, através de Luzia Pinta, médium que foi denunciada ao Santo Ofício no ano de 1739 como feiticeira e enviada a Portugal no ano de 1742 para ser julgada pelo Tribunal de Inquisição de Lisboa, onde permaneceu encarcerada no calabouço do “Santo Ofício” durante dois anos, sem que se saiba qual o seu destino.
“Branco quem disse que Preto Velho não sabe ler. Preto Velho pegou na pemba, escreveu pra branco ler.” Esse é um trecho de um dos pontos mais enigmáticos da falange dos Preto Velhos, nele está contida toda uma sabedoria que vai além da escrita formal, sinais que remetem ao mundo espiritual e que são desconhecidos pela maioria das pessoas. Chamados de pontos riscados, garantem ao ambiente e as pessoas que nele estão, bênçãos de proteção e segurança, invocando forças espirituais para garantirem o êxito dos trabalhos ali realizados.
Estar diante de um Preto Velho é a oportunidade de agradecer por todas as grandes conquistas sociais e políticas, das quais hoje todos usufruem.
Preto Velho é de fala mansa, mas não é manso, é humilde, mas não subserviente, é pacífico, mas não passivo. Preto Velho sempre sabe o que diz, e diz o que é preciso ser dito. Ele ensina a esperar a colheita do que se plantou, mas nunca descansar diante da plantação, pois só assim, é capaz de impedir que todo seu trabalho seja destruído por ervas daninhas.
Preto Velho é sábio e quer que todos os homens e mulheres de bom coração desfrutem do dom da sabedoria.
Adorei as Almas!
O uso da pipoca (deburu) nos rituais de Umbanda se dá pelo fato desse alimento carregar consigo todo o simbolismo de cura, já que, de acordo com os itans (lendas), a pipoca foi usada por Iemanjá para curar e alimentar Omolu quando criança, abandonado na beira do mar.
Além de suas várias propriedades medicinais, tais como: rica em fibras, antioxidantes, previne doenças cardíacas, e o envelhecimento precoce, fonte de vitamina B, manganês e magnésio, a pipoca é também considerada a flor de Omolu/Obaluaiê, ensinando a cada um de nós o poder da transformação. O milho de pipoca, não nasceu pra ser milho, e sim, flor comestível e cheia de nutrientes. Mas para isso, é preciso que o milho passe pelo fogo e através do seu calor se transforme naquilo que realmente ele é. Assim somos nós, como o milho de pipoca: precisamos enfrentar determinadas situações para descobrirmos a nossa verdadeira missão no mundo, despertando para a nossa real essência e então, desfrutar das bênçãos de ser quem realmente se é. Assim é Omolu/Obaluaiê: Orixá da beleza interior.
( Luiz de Miranda - Pai no Santo)
A PIPOCA NA UMBANDA
Luiz de Miranda - Pai no Santo
IEMANJÁ: A DEUSA AFRICANA QUE CONQUISTOU O BRASIL
(Luiz de Miranda- Pai no Santo)
Na Nigéria Yemojá, em Cuba Yemayá, no Brasil Dona Janaína, Dandalunda, Inaé, Rainha do Mar, Mãe Sereia, Iemanjá. Em todos os cantos do mundo a Mãe dos Orixás, a Senhora de todas as cabeças. Seu culto foi trazido nos navios negreiros no fim do século XVIII por negros capturados em sua terra natal para serem escravizados no Brasil. Nessa dolorosa e desumana travessia pelo oceano atlântico, é sabido que muitos desses negros não suportaram os maus tratos e morreram. Seus corpos eram atirados ao mar, daí a escritora Kiussam Oliveira, pedagoga, doutora em educação, mestre em psicologia pela Universidade de São Paulo (USP) afirma que o mar, em sua visão afroreferenciada, é um território que Iemanjá colheu esses corpos: “A gente olha e vê o mar como algo maravilhoso, incrivelmente gigante, majestoso, e até violento. Mas a gente não consegue ver o mar como um tumbeiro, como tumba, como um cemitério. E a gente não pode esquecer disso. Yemanjá e os orixás chegam ao Brasil exatamente a partir de 1600, quando o tráfico negreiro começou. O sequestro de negros e negras vindos do continente africano, a travessia do Atlântico até chegar ao Brasil. Os orixás chegaram ao Brasil através de negros e negras escravizados, sequestrados do continente africano”, aponta.
O pesquisador Nelson Varón Cadena escreve sobre a data escolhida para homenagear Iemanjá: “A data 2 de fevereiro é uma das duas datas mais importantes da igreja católica no mundo ocidental. É a data de purificação de Nossa Senhora, tanto que se celebra a Nossa Senhora da Purificação, a data da Nossa Senhora das Candeias, Nossa Senhora da Luz, Nossa Senhora da Piedade, Nossa Senhora do Rosário. Inicialmente, o culto a Iemanjá na Bahia era sincretizado com Nossa Senhora das Candeias. Existe, sim, o sincretismo. O 2 de fevereiro não é uma data aleatória", considera.
Desde então, dia 02 de fevereiro se transformou num grande encontro dos seguidores das religiões de matrizes africanas, em quase todo litoral brasileiro.
Para uns, Ela é branca, cabelos pretos e longos; outros, a veneram como a mulher negra de seios fartos; e ainda, como metade mulher e metade peixe. Todas as formas são permitidas, desde que se mantenha a essência Daquela que representa a Mãe de todos os Orixás, e, portanto, a Mãe de todas as cabeças. O fato de ser branca está associado ao sincretismo que até hoje perdura; quando negra, a grande expressão da luta e da força desse povo e sua ancestralidade, e principalmente, sua origem: a África.
“... quem ouvir o canto de Iemanjá, vai com ela pro fundo do mar.” Qual Umbandista já não ouviu essa cantiga, e se questiona sobre seu significado? Não é à toa que o mar, ao mesmo tempo que fascina, também causa medo. Afinal, quais segredos e mistérios ainda existem para serem explorados quando se trata do grande reino de Iemanjá? Fascinados por sua beleza e grandiosidade, muitos se deixam levar pelo som que vem de suas ondas, que os levam a refletir sobre seus sentimentos mais íntimos, e por vezes perturbadores. Muitos são os que choram à beira mar. Aí está o sentido da cantiga! Quando mergulham na intimidade do seu próprio eu, estão sendo levados por Iemanjá a conhecerem sua própria essência, a explorar suas emoções, sensações, defeitos e virtudes. Todos são filhos do mar, o mar está em todos, e por isso, o mar é sempre um lugar de aconchego, desprendimento, lazer, meditação e contemplação. Não há quem fique indiferente diante do mar.
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