A PIPOCA NA UMBANDA
- Luiz de Miranda
- há 5 dias
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O uso da pipoca (deburu) nos rituais de Umbanda se dá pelo fato desse alimento carregar consigo todo o simbolismo de cura, já que, de acordo com os itans (lendas), a pipoca foi usada por Iemanjá para curar e alimentar Omolu quando criança, abandonado na beira do mar.
Além de suas várias propriedades medicinais, tais como: rica em fibras, antioxidantes, previne doenças cardíacas e o envelhecimento precoce, fonte de vitamina B, manganês e magnésio; a pipoca é também considerada a flor de Omolu/Obaluaiê, ensinando a cada um de nós o poder da transformação. O milho de pipoca, não nasceu para ser milho, e sim, flor comestível e cheia de nutrientes. Mas para isso, é preciso que o milho passe pelo fogo e através do seu calor se transforme naquilo que realmente ele é. Assim somos nós, como o milho de pipoca: precisamos enfrentar determinadas situações para descobrirmos a nossa verdadeira missão no mundo, despertando para a nossa real essência e então, desfrutar das bênçãos de ser quem realmente se é.
Quando se diz que Omolu/Obaluaiê é o Orixá do espelho que não vê, está se falando daquilo que está guardado em nosso interior, e não, da aparência externa.
Em rituais de cura na Umbanda, a pipoca é o elemento principal. Pois através de seu uso, faz-se o descarrego e purificação, buscando a cura para enfermidades físicas e espirituais. Essas pipocas podem ser preparadas com azeite de oliva, azeite de dendê ou areia da praia. Aqui, ao fazer o banho de pipocas, estamos repetindo o ato da Mãe Iemanjá no processo de cura do seu filho Omolu/Obaluaiê.
Nos sacudimentos o uso da pipoca também se faz presente, pois ao colocar um punhado nas mãos, vai-se esfregando e deixando cair no chão, pedindo ao Orixá Omolu que afaste todas as doenças e mazelas.
Para prosperidade financeira também se usa a pipoca. Afinal, o Orixá Omolu é aquele que dorme sobre o dinheiro. Por isso, por mais pobre que seja um filho seu, sempre consegue um jeito de não deixar faltar nada para seu sustento. Aqui, usa-se de preferência para estourar os milhos, o azeite de oliva, e depois de estouradas, rega-se com azeite de dendê.
IANSÃ REVELA A BELEZA DE OMOLU:
"Segundo um itan, Omulú, o Orixá que representa a cura, a transformação e o renascimento, carregava profundas feridas pelo corpo, que o isolavam de outras divindades e de celebrações. Durante uma festa organizada pelos orixás, Omulú sentia-se excluído, escondendo-se à margem da comemoração.
Foi então que Iansã, a deusa dos ventos e tempestades, com sua compaixão e força, interveio. Ela soprou seus ventos sobre Omulú, transformando suas feridas em pequenas e brancas pipocas. Assim, as marcas de sofrimento tornaram-se um símbolo de pureza e renovação, permitindo que Omulú participasse da festa sem vergonha ou exclusão. "
Nesse itan aprendemos que a pipoca não é só um elemento de cura, é também um elemento de beleza, prosperidade, autoconfiança e transformação.
Ao estourar milhos de pipocas, deve-se sempre pedir a benção do Orixá Omolu/Obaluaiê, e quando começarem a estourar, saudar seu nome e pedir sua proteção.
Sejamos gratos ao Senhor da terra por tudo que nos concede. A Ele pedimos as bençãos de luz e prosperidade.
Atotô!
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