A ESTEIRA DE PALHA: O REENCONTRO COM A ANCESTRALIDADE.
- Luiz de Miranda
- 9 de out.
- 2 min de leitura
Conhecidas como "decisa" na nação Bantu, "zocré" pelo Povo Fon e "enin" em Yorubá, as esteiras são de suma importância nos Terreiros de Umbanda e Candomblé.
Na Umbanda, a esteira de palha é usada para os rituais de amaci e camarinhas dos filhos de Santo. Objeto sagrado que representa a conexão com a terra, a natureza e o reencontro com a ancestralidade. Pois, quando um filho de santo é recolhido e levado a deitar-se na esteira, ele está sendo preparado para conhecer e vivenciar suas próximas experiências com seus Guias e Orixás. Essa esteira, antes de servir aos rituais e fundamentos, passa por um processo de limpeza e benzimento, onde são usadas ervas e recitadas frases de poder, para que então ela deixe de ser um simples utensílio, para se tornar um instrumento sagrado. E, é nesse cruzamento, que se faz indispensável o uso da pemba e da banha de ori, que servem para afastar quaisquer elementos ou energias negativas. Pois, como se trata de um objeto sagrado, nada que for contra a boa execução dos trabalhos e rituais, pode se aproximar tanto do ambiente como do filho que deitará sobre ela.
E é sobre a esteira que o Filho de Santo vai fazer suas oferendas e também vai se alimentar. Portanto, a esteira tanto é a cama, como também é a mesa. Daí, se evitar pisar sobre ela, principalmente calçados. Nela também evita-se dormir de barriga pra cima, durante a camarinha. Neste caso, de acordo com os ensinamentos dos mais velhos, evita-se perturbações no sono e interferências de energias negativas. A posição adequada e recomendada é de lado (tanto direito, quanto esquerdo) ou de bruços.
O manuseio da esteira é feito da seguinte forma: homens a carregam sobre os ombros e as mulheres debaixo do braço. Filhos de Santo iniciantes, não levantam as esteiras do chão; deixando pra seus padrinhos ou madrinhas o fazerem.
De acordo com os desgastes naturais pelo tempo de uso, as esteiras podem e devem ser substituídas. Algumas Casas orientam que cada filho deve ter sua esteira. Já em outras, o uso é coletivo, exceto quando se trata de camarinha.





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