top of page

NEM TODO MÉDIUM É UMBANDISTA E NEM TODO ESPÍRITO É ENTIDADE.

Foto do escritor: Luiz de MirandaLuiz de Miranda
Médim de Umbanda incorporada com sua Entidade

Muito se tem para aprender quando se trata do universo da espiritualidade na Umbanda. Já dizia meu Pai de Santo, Sr. Diomedes Pimentel (Tenente):“a Umbanda é um livro sem fim.”                                                                                             Nem todo médium, ou seja: nem toda pessoa que incorpora um Espírito ou Entidade, é necessariamente Umbandista. Ela pode ser simples e unicamente uma médium. Sabedores do dom da mediunidade, buscam tirar todo tipo de proveito, sem nenhum compromisso com os fundamentos da Umbanda, que são luz, amor e caridade. Nestes casos, não faltam falsos profetas, charlatões, e todo tipo de pessoas mal-intencionadas, que tem como único objetivo tirarem vantagens sobre pessoas incautas e desesperadas. Prometem de tudo: dinheiro, amor de volta, vingança, prêmios de loterias, e toda sorte de caprichos materiais: isso não é Umbanda! Não raro, incorporam espíritos sem uma filosofia de vida bem definida, e sempre se apresentam com nomes de Entidades renomadas e conhecidas por seus trabalhos em prol da humanidade. Não são Entidades, porque se as fossem, agiriam de forma e maneira a levar para o consulente orientações acertadas, e não balelas e mentiras como forma de explorar a sua credulidade. É preciso ter muito cuidado em buscar ajuda espiritual com qualquer médium. Nem todo médium é umbandista, portanto, sem nenhum conhecimento sobre as leis que regem as incorporações e trabalhos de atendimento fraternal. Sim, a Umbanda tem regras e fundamentos, não basta incorporar um espírito, é preciso aprender com ele, pra depois poder ensinar.

        Nem todo espírito é Entidade: quando se fala em espírito, está se falando naquilo que dá vida ao corpo, a parte imaterial, a alma. Logo, todos temos espírito, tanto as pessoas boas, como as más. Ao desencarnar, nem todos os Espíritos buscam se alinhar com os trabalhadores do bem, na intenção de se livrarem de suas mazelas e mal querências; muitos são os que permanecem nas zonas umbralinas de suas consciências, alimentando o ódio, o desejo de vingança, o despeito, a inveja e todo tipo de sentimentos negativos. Ao perceberem através das ondas cerebrais emanadas por médiuns afins, esses espíritos encontram a oportunidade de incorporarem. Veja que não é uma vontade espontânea do espirito, é um encontro de afins, um chamado, uma ligação forte, que coloca esse espírito em desassossego, até conseguir entrar em contato através da incorporação. São esses os espíritos chamados de quiumbas, zombeteiros, mistificadores ou obsessores.

        Já uma Entidade, é um espírito que através do tempo, buscou aprender sobre a evolução da humanidade, suas fraquezas, dificuldades, provações e tudo que interessa para poder auxiliar aos irmãos em desespero de toda ordem. Uma Entidade é um Espírito que alcançou um certo degrau na escala da evolução, tornando-se um orientador e bom conselheiro. Sua incorporação é firme, acertada, sem exageros. São nossos ancestrais, buscando trazer sempre os melhores ensinamentos quando baixam em nossos Terreiros.

        Cuide bem de sua mediunidade e de suas Entidades: estude, desenvolva a paciência, a humildade, a empatia, seja assíduo e cumpridor de suas obrigações no Terreiro. Aprenda a olhar o mundo com o olhar das suas Entidades e assim, você estará fazendo um trabalho incrível no campo da sua evolução e de todos que te cercam. Honre seus compromissos, não seja bonzinho: seja bom! Aprenda a dizer não. Não julgue e nem alimente conversas desagradáveis. Não acredite em tudo que assiste na internet, hoje não faltam “conhecedores” da Umbanda. Lembre-se: sua Casa, suas leis.

        E nesse processo de autoconhecimento, busque sempre o autoperdão e a serenidade. Deixe o tempo nas mãos das Entidades: elas sabem de onde viemos e para onde vamos!

143 visualizações0 comentário

Posts recentes

Ver tudo

コメント

5つ星のうち0と評価されています。
まだ評価がありません

評価を追加

SUA FÉ É RESPEITADA?

          No ano de 1990, meses antes de perder sua irmã de 29 anos de idade para um adenocarcinoma no mediastino, o Pai no Santo passa por uma experiência extremamente desagradável e revoltante, que bem retrata o racismo religioso no Brasil. Isso aconteceu no Iaserj, um hospital para os servidores do Estado do Rio de Janeiro. Era por volta das dezesseis horas. Enquanto acompanhante da irmã, ele decide ir tomar café num bar próximo ao hospital e retorna vinte minutos depois. Tempo que foi suficiente para um pastor entrar no quarto e oferecer uma oração. Voltando então do seu café, ele encontra a irmã que já vinha extremamente debilitada por conta da doença, agora, com semblante ainda mais triste e constrangido. Ele então procura levar palavras de consolo e ânimo, ao que ela responde: “_ Meu irmão, por favor, não quero que esse tipo de religioso venha fazer oração pra mim.” Ele de imediato, pergunta:  “_ O que houve?” Ela então relata o ocorrido: “_ Quando você saiu para tomar seu café, um homem de terno se apresentou como pastor da igreja universal e me perguntou se podia fazer uma oração pra mim, Como ele parecia ser uma boa pessoa e foi muito educado, eu disse que sim. Ele fez a oração, pediu pela minha saúde, e em seguida me perguntou se eu aceitava Jesus Cristo como salvador, e eu respondi que sim. Ele então disse que a partir daquele momento eu estava curada. Só que ele então perguntou qual era minha religião, o que eu respondi, que era espírita. Então ele me disse que eu teria que renegar minha religião. Eu disse que não, jamais iria renegar minha fé. Daí ele falou que infelizmente o câncer voltaria e me levaria pros braços da morte. Eu disse a ele que preferia morrer, a ter que conviver com cristãos como ele. Não quero irmão, não quero esse tipo de gente fazendo oração pra mim.”

            Em outra ocasião, anos depois, o racismo e a intolerância religiosa voltam a atacar o Pai no Santo. Dessa vez, no Hospital Regional Darci Vargas, em Rio Bonito. Indo visitar um Filho de Santo na Unidade Intensiva, o Pai no Santo se depara com uma senhora que estava ao lado do leito de seu filho perguntando se podia fazer uma oração. Como o doente estava sob efeito de fortes medicamentos, não tinha condições de responder; o que fez com que a mulher iniciasse a sua oração. Em voz alta e de tom feroz, ela dizia: “ _ Em nome do Senhor Jesus eu expulso os demônios de Pombagira, Exu, Ogum e todos os demônios dos tambores, das encruzilhadas... .” quando então foi interrompida pelo Pai de Santo; gerando na mulher um comportamento agressivo e ameaçador. Dizia ela, agora em tom mais elevado de voz: “_ Você não pode querer calar a voz de uma ministra de Deus. Seus demônios serão jogados por terra... .” quando então o Pai no Santo pediu ao funcionário responsável pela vigilância da Unidade, que retirasse a mulher do ambiente. No que foi prontamente atendido.

            Esses são dois exemplos dos milhares de outros que acontecem todos os dias, atingindo seguidores das religiões de matriz afro-brasileira. E não é à toa, afinal, não faltam umbandistas que se silenciam diante de tais fatos, e como se não bastasse o silêncio, ainda permitem que seguidores de outras religiões lhes imponham sua fé como sendo superior as demais.

            O Umbandista de fato, sabe sua origem, conhece seus Santos, suas rezas, seus cantos e louvores. Não é de hoje que a Umbanda se livrou do peso do sincretismo, dos santos que nunca foram seus, dos ritos e rituais que nunca lhes pertenceram. O Umbandista de fato, sabe a quem recorrer nas horas de aflição e desespero, e não precisa que outro religioso venha em seu socorro para rezar ou orar. Sim, não precisa! Sabe por quê? Porque o Umbandista sabe que aquela pessoa não está oferecendo uma oração para aliviar teu sofrimento. De forma dissimulada, ela quer que o Umbandista negue sua religiosidade, abandone seus Guias e Orixás. Como pode uma pessoa que frequentemente está na igreja ouvindo e dando glórias a voz de um padre ou pastor, e que não mede palavras para demonizar a Umbanda, orar por quem é Umbandista? De que vale uma oração que sai da mesma boca que chama nossos Santos de demônios?

            O Umbandista de fato, sabe o poder de seus Santos, o sangue que derramaram, o suor sofrido e causticante ardendo na pele preta, o fogo impiedoso das fogueiras da inquisição, a lâmina cortante e afiada das guilhotinas. O Umbandista de fato, sabe que seus ancestrais e antepassados morreram para garantir a liberdade aos seus  descendentes. Trazidos à força e amontoados nos navios negreiros, chegam ao Brasil e são obrigados a se batizarem do lado de fora das Igrejas, porque de acordo com as interpretações bíblicas, o preto era um ser sem alma, amaldiçoado...

            Quando um Umbandista respeita outras manifestações religiosas, não quer dizer que ele tenha que se subjugar. Os Santos da Umbanda também têm suas histórias, sua cultura, suas bênçãos e seus poderes.

            Seu Orixá está vivo e pulsante em você. Não deixe que o matem!

                                                                                                   (Luiz de Miranda-Pai no Santo)

  • facebook-square
  • Twitter Square
  • Google Square
bottom of page