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OS FALSOS PROFETAS NA UMBANDA


O charlatanismo, a exploração da boa-fé, o comércio em nome de Deus, abusos sexuais, e tantos outros absurdos sempre fizeram parte da história das religiões, e na Umbanda, não é diferente. Não faltam pessoas mal intencionadas, perversas e manipuladoras para se aproveitarem das fraquezas dos seus semelhantes usando o nome da sagrada religião de Umbanda para enganarem, roubarem e praticarem todo tipo de maldades.

Um agravante ainda se dá com a Umbanda: por ser uma religião afro-brasileira, portanto imbuída da missão de resgatar e defender a dignidade da cultura negra, vira alvo fácil tanto para os falsos profetas, como também para àqueles líderes religiosos que insistem em demonizá-la.

O médium de Umbanda tem que ter em mente que a sua religião é voltada para a prática da caridade, do acolhimento, do autoconhecimento, do amor e do perdão. Como já deixou dito o anunciador da Umbanda, o Caboclo das Sete Encruzilhadas, através do seu médium Zélio Fernandino de Moraes, em 15 de novembro de 1908, a Umbanda é a manifestação do Espírito para a prática da caridade”. Qualquer coisa que fuja desse princípio NÃO É UMBANDA.

Não raro, o médium de Umbanda sempre tem que responder a uma pergunta recorrente, feita por quem nunca pisou num Terreiro: a Umbanda acredita em Deus? Nessa dúvida, fica clara a ignorância em relação a religião de Umbanda, ou pior: o mal entendimento, consequência de anos e anos de preconceito, opressão e demonização.

A Umbanda resiste, levando a seus frequentadores e adeptos, mensagens de esclarecimentos e trabalhos voltados para a prática do bem e da caridade. É importante que todos que se interessem em conhecer a Umbanda fiquem atentos aos que se autointitulam pais e mães de santo, oferecendo todo tipo de “trabalho”, e com isso, se beneficiando da ingenuidade ou até da maldade alheia. Sim, pessoas más procuram pessoas más para alcançarem seus objetivos de vingança. ISSO NÃO É UMBANDA!

Canais do youtube, sites, blogs, redes sociais estão recheadas de gente disposta a “ajudar” quem quiser destruir um inimigo, fazer uma amarração amorosa, separar um casal, tirar alguém do emprego, conseguir clientes para sexo, e por aí vai... ISSO NÃO É UMBANDA!

Sabe-se bem que nem todos que se dizem Umbandistas, o são de fato: ser Umbandista não é incorporar Espíritos, é incorporar o espírito da humildade. Não é fazer amarrações amorosas, é ensinar a desfazer os nós que impedem o amor de chegar. Não é destruir um inimigo, é aprender a lidar com a adversidade. Não é separar um casal, é respeitar o amor que não é pra você. Não é tirar ninguém de um emprego, é se esforçar mais para ter seu lugar garantido. Não é conseguir clientes para sexo, mesmo que seja sua profissão, é sobre você saber conhecer seus limites e respeitar seu corpo. Não é pra saber se alguém gosta de você, é saber se você se sente amada (o). Umbanda não é para interferir no livre arbítrio de ninguém. Cuidado! Os falsos profetas sabem bem o que você quer ouvir, sabem bem como conquistar sua confiança.

O exagero, a ostentação, a vaidade, a arrogância, a hipocrisia, a intolerância, a alteração de humor constantes, a chantagem, a ameaça, a soberba, a necessidade de ser elogiado (a) constantemente, fala mais em dinheiro do que em caridade: são alguns dos sentimentos que revelam um falso profeta na Umbanda.

Ao ir pela primeira vez em um Terreiro, fique atento a tudo. Observe com os olhos da sua alma o que acontece ali dentro, pedindo ao seu Anjo da Guarda que esteja com você em todos os momentos, te revelando tudo que esteja oculto aos seus olhos.

Estar num Terreiro de Umbanda é se sentir em paz, acolhido, esperançoso. É sentir a alma vibrar com a energia do lugar, despertando uma sensação de leveza, segurança, liberdade, desprendimento. Um lugar que nunca vai perguntar quem é você na vida, mas talvez, o que você está fazendo da sua vida. E assim, você vai entender que a Umbanda é a religião que te respeita e ensina a respeitar; que te ama e ensina a amar; que chora com você e te ensina a sorrir; que sente suas dores e te ensina a curá-las; que te vê sempre com bons olhos e te ensina a olhar pra si mesmo com amor e respeito. A Umbanda não te julga e te ensina a não julgar; não te culpa e te ensina a não se culpar, mostrando os caminhos do arrependimento que te levam a redenção plena da sua existência.

Só há uma Umbanda: a que trabalha em prol do amor, da igualdade, do respeito e da caridade. Algo diferente disso, NÃO É UMBANDA!

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SUA FÉ É RESPEITADA?

          No ano de 1990, meses antes de perder sua irmã de 29 anos de idade para um adenocarcinoma no mediastino, o Pai no Santo passa por uma experiência extremamente desagradável e revoltante, que bem retrata o racismo religioso no Brasil. Isso aconteceu no Iaserj, um hospital para os servidores do Estado do Rio de Janeiro. Era por volta das dezesseis horas. Enquanto acompanhante da irmã, ele decide ir tomar café num bar próximo ao hospital e retorna vinte minutos depois. Tempo que foi suficiente para um pastor entrar no quarto e oferecer uma oração. Voltando então do seu café, ele encontra a irmã que já vinha extremamente debilitada por conta da doença, agora, com semblante ainda mais triste e constrangido. Ele então procura levar palavras de consolo e ânimo, ao que ela responde: “_ Meu irmão, por favor, não quero que esse tipo de religioso venha fazer oração pra mim.” Ele de imediato, pergunta:  “_ O que houve?” Ela então relata o ocorrido: “_ Quando você saiu para tomar seu café, um homem de terno se apresentou como pastor da igreja universal e me perguntou se podia fazer uma oração pra mim, Como ele parecia ser uma boa pessoa e foi muito educado, eu disse que sim. Ele fez a oração, pediu pela minha saúde, e em seguida me perguntou se eu aceitava Jesus Cristo como salvador, e eu respondi que sim. Ele então disse que a partir daquele momento eu estava curada. Só que ele então perguntou qual era minha religião, o que eu respondi, que era espírita. Então ele me disse que eu teria que renegar minha religião. Eu disse que não, jamais iria renegar minha fé. Daí ele falou que infelizmente o câncer voltaria e me levaria pros braços da morte. Eu disse a ele que preferia morrer, a ter que conviver com cristãos como ele. Não quero irmão, não quero esse tipo de gente fazendo oração pra mim.”

            Em outra ocasião, anos depois, o racismo e a intolerância religiosa voltam a atacar o Pai no Santo. Dessa vez, no Hospital Regional Darci Vargas, em Rio Bonito. Indo visitar um Filho de Santo na Unidade Intensiva, o Pai no Santo se depara com uma senhora que estava ao lado do leito de seu filho perguntando se podia fazer uma oração. Como o doente estava sob efeito de fortes medicamentos, não tinha condições de responder; o que fez com que a mulher iniciasse a sua oração. Em voz alta e de tom feroz, ela dizia: “ _ Em nome do Senhor Jesus eu expulso os demônios de Pombagira, Exu, Ogum e todos os demônios dos tambores, das encruzilhadas... .” quando então foi interrompida pelo Pai de Santo; gerando na mulher um comportamento agressivo e ameaçador. Dizia ela, agora em tom mais elevado de voz: “_ Você não pode querer calar a voz de uma ministra de Deus. Seus demônios serão jogados por terra... .” quando então o Pai no Santo pediu ao funcionário responsável pela vigilância da Unidade, que retirasse a mulher do ambiente. No que foi prontamente atendido.

            Esses são dois exemplos dos milhares de outros que acontecem todos os dias, atingindo seguidores das religiões de matriz afro-brasileira. E não é à toa, afinal, não faltam umbandistas que se silenciam diante de tais fatos, e como se não bastasse o silêncio, ainda permitem que seguidores de outras religiões lhes imponham sua fé como sendo superior as demais.

            O Umbandista de fato, sabe sua origem, conhece seus Santos, suas rezas, seus cantos e louvores. Não é de hoje que a Umbanda se livrou do peso do sincretismo, dos santos que nunca foram seus, dos ritos e rituais que nunca lhes pertenceram. O Umbandista de fato, sabe a quem recorrer nas horas de aflição e desespero, e não precisa que outro religioso venha em seu socorro para rezar ou orar. Sim, não precisa! Sabe por quê? Porque o Umbandista sabe que aquela pessoa não está oferecendo uma oração para aliviar teu sofrimento. De forma dissimulada, ela quer que o Umbandista negue sua religiosidade, abandone seus Guias e Orixás. Como pode uma pessoa que frequentemente está na igreja ouvindo e dando glórias a voz de um padre ou pastor, e que não mede palavras para demonizar a Umbanda, orar por quem é Umbandista? De que vale uma oração que sai da mesma boca que chama nossos Santos de demônios?

            O Umbandista de fato, sabe o poder de seus Santos, o sangue que derramaram, o suor sofrido e causticante ardendo na pele preta, o fogo impiedoso das fogueiras da inquisição, a lâmina cortante e afiada das guilhotinas. O Umbandista de fato, sabe que seus ancestrais e antepassados morreram para garantir a liberdade aos seus  descendentes. Trazidos à força e amontoados nos navios negreiros, chegam ao Brasil e são obrigados a se batizarem do lado de fora das Igrejas, porque de acordo com as interpretações bíblicas, o preto era um ser sem alma, amaldiçoado...

            Quando um Umbandista respeita outras manifestações religiosas, não quer dizer que ele tenha que se subjugar. Os Santos da Umbanda também têm suas histórias, sua cultura, suas bênçãos e seus poderes.

            Seu Orixá está vivo e pulsante em você. Não deixe que o matem!

                                                                                                   (Luiz de Miranda-Pai no Santo)

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