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A PROSPERIDADE NA UMBANDA

Foto do escritor: Luiz de MirandaLuiz de Miranda

Atualizado: 16 de out. de 2022

(Luiz de Miranda – Pai no Santo)


São muitas as definições de prosperidade. Entre elas, encontramos: abundância, fartura, riqueza, pessoas afortunadas e bem sucedidas. Este conceito, de fato, está relacionado à condição de riqueza, como vemos, chegando até a ser considerado sinônimo. Mas, seria de fato, a riqueza e aquisição de bens materiais, um conceito acertado de prosperidade? Seria mesmo o dinheiro e os bens materiais, fonte da prosperidade? Se assim o é, por que tantas pessoas ricas vivem muitas vezes em estado de depressão, ansiedade, nervosismo, inquietude...?

Sim, bem sabemos da importância do dinheiro em nossas vidas. Afinal, é através dele que sustentamos nossas existências e adquirimos os bens para nossa sobrevivência. E é nesse fluxo que impulsionamos também a prosperidade para outras pessoas.

Sempre ouvimos dizer que “dinheiro não traz felicidade”. Será mesmo?

Como então pagar nossas contas, comprar nossas roupas, honrar nossos compromissos?

Dinheiro traz felicidade sim! A questão, é saber se quem ganha o dinheiro, está pronto para ser feliz.

E é nesse ponto, que aprendemos as lições da Umbanda:

Você só pode se considerar uma pessoa próspera, no momento em que você consegue gerar prosperidade para outras pessoas através daquilo que você conquistou, herdou ou ganhou. Uma pessoa rica nem sempre é próspera, ela é apenas detentora de bens, e nada faz para gerar prosperidade para outras pessoas, costumam inclusive, menosprezar, destratar, ofender aos que elas julgam estar abaixo da sua classe social. Se você é rico, mas trata mal seus funcionários, achando que eles por ganharem seus salários em dia, são obrigados a aturar seus desaforos, você não é próspero. Como também os ricos racistas, homofóbicos, avarentos, mal-educados, soberbos, narcisistas, intolerantes... só tem dinheiro, mas não são prósperos.

Uma pessoa humilde, sem muitos recursos, pode ser próspera, no momento que ela usa esses poucos recursos para gerar meios de lhe garantir uma vida confortável e saudável, onde o bem-estar, o bem-querer e o bem-viver são os pilares da sua existência. São pessoas que estão sempre atentas ao trabalho, às oportunidades que lhe fazem chegar até ao dinheiro, sem se deixar escravizar por ele.

Não há prosperidade onde há ócio, desânimo e vitimismo. Prosperidade requer disposição, boa vontade, autocontrole, solidariedade, respeito, amor ao que se faz e ao que se deseja.

A riqueza por si só não traz felicidade. Já a prosperidade, é a felicidade de ser rico com aquilo que se tem. Então, se busca ser rico, aprende antes a ser próspero. Pois a vida é um ir e vir constantes, tudo aquilo que você faz por amor, recebe em prosperidade. Já o que você faz por ganância, recebe em dinheiro, só dinheiro...



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SUA FÉ É RESPEITADA?

          No ano de 1990, meses antes de perder sua irmã de 29 anos de idade para um adenocarcinoma no mediastino, o Pai no Santo passa por uma experiência extremamente desagradável e revoltante, que bem retrata o racismo religioso no Brasil. Isso aconteceu no Iaserj, um hospital para os servidores do Estado do Rio de Janeiro. Era por volta das dezesseis horas. Enquanto acompanhante da irmã, ele decide ir tomar café num bar próximo ao hospital e retorna vinte minutos depois. Tempo que foi suficiente para um pastor entrar no quarto e oferecer uma oração. Voltando então do seu café, ele encontra a irmã que já vinha extremamente debilitada por conta da doença, agora, com semblante ainda mais triste e constrangido. Ele então procura levar palavras de consolo e ânimo, ao que ela responde: “_ Meu irmão, por favor, não quero que esse tipo de religioso venha fazer oração pra mim.” Ele de imediato, pergunta:  “_ O que houve?” Ela então relata o ocorrido: “_ Quando você saiu para tomar seu café, um homem de terno se apresentou como pastor da igreja universal e me perguntou se podia fazer uma oração pra mim, Como ele parecia ser uma boa pessoa e foi muito educado, eu disse que sim. Ele fez a oração, pediu pela minha saúde, e em seguida me perguntou se eu aceitava Jesus Cristo como salvador, e eu respondi que sim. Ele então disse que a partir daquele momento eu estava curada. Só que ele então perguntou qual era minha religião, o que eu respondi, que era espírita. Então ele me disse que eu teria que renegar minha religião. Eu disse que não, jamais iria renegar minha fé. Daí ele falou que infelizmente o câncer voltaria e me levaria pros braços da morte. Eu disse a ele que preferia morrer, a ter que conviver com cristãos como ele. Não quero irmão, não quero esse tipo de gente fazendo oração pra mim.”

            Em outra ocasião, anos depois, o racismo e a intolerância religiosa voltam a atacar o Pai no Santo. Dessa vez, no Hospital Regional Darci Vargas, em Rio Bonito. Indo visitar um Filho de Santo na Unidade Intensiva, o Pai no Santo se depara com uma senhora que estava ao lado do leito de seu filho perguntando se podia fazer uma oração. Como o doente estava sob efeito de fortes medicamentos, não tinha condições de responder; o que fez com que a mulher iniciasse a sua oração. Em voz alta e de tom feroz, ela dizia: “ _ Em nome do Senhor Jesus eu expulso os demônios de Pombagira, Exu, Ogum e todos os demônios dos tambores, das encruzilhadas... .” quando então foi interrompida pelo Pai de Santo; gerando na mulher um comportamento agressivo e ameaçador. Dizia ela, agora em tom mais elevado de voz: “_ Você não pode querer calar a voz de uma ministra de Deus. Seus demônios serão jogados por terra... .” quando então o Pai no Santo pediu ao funcionário responsável pela vigilância da Unidade, que retirasse a mulher do ambiente. No que foi prontamente atendido.

            Esses são dois exemplos dos milhares de outros que acontecem todos os dias, atingindo seguidores das religiões de matriz afro-brasileira. E não é à toa, afinal, não faltam umbandistas que se silenciam diante de tais fatos, e como se não bastasse o silêncio, ainda permitem que seguidores de outras religiões lhes imponham sua fé como sendo superior as demais.

            O Umbandista de fato, sabe sua origem, conhece seus Santos, suas rezas, seus cantos e louvores. Não é de hoje que a Umbanda se livrou do peso do sincretismo, dos santos que nunca foram seus, dos ritos e rituais que nunca lhes pertenceram. O Umbandista de fato, sabe a quem recorrer nas horas de aflição e desespero, e não precisa que outro religioso venha em seu socorro para rezar ou orar. Sim, não precisa! Sabe por quê? Porque o Umbandista sabe que aquela pessoa não está oferecendo uma oração para aliviar teu sofrimento. De forma dissimulada, ela quer que o Umbandista negue sua religiosidade, abandone seus Guias e Orixás. Como pode uma pessoa que frequentemente está na igreja ouvindo e dando glórias a voz de um padre ou pastor, e que não mede palavras para demonizar a Umbanda, orar por quem é Umbandista? De que vale uma oração que sai da mesma boca que chama nossos Santos de demônios?

            O Umbandista de fato, sabe o poder de seus Santos, o sangue que derramaram, o suor sofrido e causticante ardendo na pele preta, o fogo impiedoso das fogueiras da inquisição, a lâmina cortante e afiada das guilhotinas. O Umbandista de fato, sabe que seus ancestrais e antepassados morreram para garantir a liberdade aos seus  descendentes. Trazidos à força e amontoados nos navios negreiros, chegam ao Brasil e são obrigados a se batizarem do lado de fora das Igrejas, porque de acordo com as interpretações bíblicas, o preto era um ser sem alma, amaldiçoado...

            Quando um Umbandista respeita outras manifestações religiosas, não quer dizer que ele tenha que se subjugar. Os Santos da Umbanda também têm suas histórias, sua cultura, suas bênçãos e seus poderes.

            Seu Orixá está vivo e pulsante em você. Não deixe que o matem!

                                                                                                   (Luiz de Miranda-Pai no Santo)

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