O CACHIMBO DO PRETO VELHO
- Luiz de Miranda
- 7 de jun.
- 2 min de leitura

Ao presenciar uma Gira de Pretos Velhos, é comum observarmos o uso do cachimbo por grande parte das Entidades incorporadas. Tal costume atravessa o tempo e resiste as campanhas de antitabagismo, que tentaram implantar dentro dos Terreiros de Umbanda: mais uma investida do "pacto da branquitude" para desmerecer e desqualificar os costumes e ritos do Povo Preto. Em uma outra ocasião falaremos sobre esse "pacto da branquitude". Por ora, vamos nos deter a falar sobre o uso desse instrumento de trabalho, que está nas bocas dos médiuns incorporados com seus Vovôs e Vovós nos Terreiros de Umbanda realizando rezas e rituais.
De acordo com alguns historiadores, vem dos antigos povos indígenas das Américas, as primeiras informações sobre uso e confecção de cachimbos para fumarem ervas medicinais e folhas de tabaco.
"Curiosamente, apesar da origem ameríndia do cachimbo, a palavra cachimbo é de origem africana, a partir da palavra quimbunda kixima, que significa "tanque, cisterna"[1][2]. Provavelmente, isso deve-se ao fato de a maior parte do tabaco produzido no Brasil se destinar a ser utilizado como moeda de troca na África por escravos africanos[3]. A palavra guarani para "cachimbo" é petynguá[4] e o termo tupi para tabaco é petyma[5], o que originou o verbo em português "pitar", que significa "fumar"[6]. Na língua inglesa, o termo que designa "cachimbo" é pipe, que significa "cano", numa alusão ao formato semelhante de ambos. Do inglês, tal termo se disseminou para outras línguas, como o castelhano (pipa), o francês (pipe) e o alemão (pfeife)." (https://pt.wikibooks.org/wiki/Cachimbo/O_cachimbo#cite_note-1)
O cachimbo na Umbanda representa um potente instrumento de defumação individual e uma maneira de se conectar com as bênçãos da cura e do alívio às dores da alma. Ao pitar seu cachimbo, o Preto ou Preta Velha está buscando através da fumaça que se espalha pelo ambiente, limpar e desagregar toda e quaisquer energias negativas; e ao mesmo tempo, alinhar as emoções e potencializar os pedidos que o consulente lhe faz. É uma magia única e infalível, onde cada pitada é um sopro de esperança e fé.
Por tudo isso, é importante saber escolher as ervas que serão misturadas no fumo de rolo (tabaco) que as Entidades usarão nos Seus trabalhos. É comum o uso de várias ervas, entre elas: sálvia, alecrim, alfazema, macaçá, barba de velho, manjericão, semente de algodão torrada ou folha de algodão, alfavaca, capim limão, folha de mangueira, dentre outras. Há de se ter a consciência que o manuseio e preparo desse fumo, requer dedicação, respeito e resguardo.
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