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OMOLU/OBALUAIÊ: DUAS FASES DE UM MESMO ORIXÁ.

Foto do escritor: Luiz de MirandaLuiz de Miranda

Filho de Santo incorporado em Omolu/Obaluaiê

“O Senhor da terra está entre nós que

cultuamos Orixá e agradecemos felizes

por Ele está entre nós. Na cabaça Ele traz feitiços para nos livrar

das doenças.”

Na Umbanda, Omolu é o médico dos pobres, o mais velho de todos os Orixás. O rei e senhor da terra. É o que cuida do corpo e da alma.

Suas cores são: o preto, representando o início de tudo, a noite ou a morte; o amarelo, representando o nascer da vida, o sol e a eternidade. Ou ainda o preto e o branco, cores predominantes da linha das almas.

Seu habitat é o cemitério (calunga pequena), onde tudo se transforma. E o mar (calunga grande), o princípio da vida.

É um Orixá originário do Daomé (atual território Mahi). Obaluaiê é uma flexão dos termos Obá (rei) – Oluwó (senhor) – ayê (terra), “rei, senhor da terra. Omolu também é uma flexão dos termos: Omo(filho) – Oluwó (senhor), que quer dizer “filho e senhor”.

Obaluaiê o mais moço, é o guerreiro, caçador, lutador. Omulu, o mais velho, é o sábio, o feiticeiro, guardião. Ambos têm a mesma regência e influência, significam a mesma coisa, têm a mesma ligação e são considerados a mesma força da natureza.

“Quando nasceu o primeiro Orixá gerado na Terra por Nanã e Oxalá, ele recebeu o nome de Obaluaiê (Dono da terra), porém Ele cresceu distante dos outros Orixás sendo criado por sua avó Odudua (não tinha forma material, só energética – o que tomou para si a importante missão de criar a Terra), sem saber que existia outros seres da sua espécie. Quando Obaluaiê descobriu a existência dos outros, percebeu que seu nome não correspondia e resolveu mudá-lo para Omuluaiê (Filho da Terra), ou simplesmente Omolu.

Apesar de ser o mesmo Orixá, estas duas fases são marcadas por um grande contraste, onde Obaluaiê marca uma fase totalmente prepotente e Omolu, completamente humilde.

Esta diferença também acompanha os filhos deste Orixá: se for da qualidade mais nova, Obaluaiê, a pessoa é mais ativa, enérgica, vaidosa com forte apego material; se for da qualidade mais velha, Omolu, a pessoa é mais passiva, calma, sem muita vaidade nem apego material.”

Obaluaiê é o sol, a quentura e o calor do astro rei. É o rei da terra, do interior da terra, e é o Orixá que cobre o rosto com Filá ou Azê (capuz de palha da costa), porque para os humanos, é proibido ver o seu rosto, devido o respeito que devemos ter por esse Orixá. Está no funcionamento do organismo, na dor que sentimos pelo mau funcionamento dos órgãos, por um corte, queimadura ou traumatismo. Trata do interior, mas cuida também da pele e suas moléstias. Rege aqueles que tem problemas mentais, perturbações nervosas e todos os doentes. Está presente nos hospitais, casas de saúde, ambulatórios, clínicas, sempre próximo dos leitos. Rege os mutilados, aleijados, enfermos. É Ele quem proporciona a cura e a saúde. É o Orixá da misericórdia.

Por estar ligado ao funcionamento dos nossos órgãos internos e externos, é a Ele que recorremos para curar a má digestão, a congestão estomacal, o ácido úrico e seus efeitos.

A relação de Omolu com a morte se dá pelo fato de Ele ser a terra, que proporciona os mecanismos indispensáveis para a manutenção da vida. O homem nasce, cresce, desenvolve-se, torna-se forte diante do mundo, mas continua frágil diante de Omolu, que pode devorá-lo a qualquer momento, pois Omolu é a terra, que vai consumir o corpo do homem por ocasião de sua morte. Por isso é que se diz que Omolu mata e come gente. (Do Livro CANDOMBLÉ – A PANELA DO SEGREDO. Autor: Pai Cido de Òsun Eyin).

Omolu é Orixá responsável em controlar as doenças epidêmicas, ou seja, doenças que castigam toda a comunidade. O Xaxará (bastão ornamentado com palitos de dendezeiro, palha da costa, que representam a multiplicidade e pequenas cabaças, onde Omolu guarda as curas de todas as doenças), é seu maior distintivo: o que tem o poder de causar e curar as doenças coletivas.

Acostumadas a lembrar de Omolu como o Orixá das doenças, das dores e dos defeitos que elas causam; as pessoas se esquecem de que Omolu/Obaluaiê é o Orixá da riqueza, do dinheiro que se ganha através do trabalho prazeroso e bem remunerado, da fartura e da beleza interna. É o único Orixá que conheceu os quatro cantos da Terra. Seus filhos sempre conseguem alcançar um lugar de destaque nas comunidades onde vivem; pois estão sempre procurando algo pra fazerem em prol da comunidade ou pra pessoas que necessitam.

A sua matéria de origem é a terra e, como tal, ele é o resultado de um processo anterior. Relaciona-se também com os espíritos contidos na terra. O seu poder está extraordinariamente ligado à morte. Afinal, sem morte não há vida.

Omolu é o Orixá que rege a morte, ou o instante da passagem do plano material para o plano espiritual (desencarne). O Orixá Omolu guarda para Olorum todos os espíritos que fraquejam durante sua jornada carnal e entregaram-se à vivenciação de seus vícios emocionais. Mas Ele não pune ou castiga ninguém, pois estas ações são atributos da Lei Divina, que também não pune ou castiga. Ela apenas conduz cada um ao seu devido lugar após o desencarne. E se alguém semeou ventos, que colha sua tempestade pessoal, mas amparado pela própria Lei. Omolu é um desses guardiões divinos que consagrou a si e à sua existência, enquanto divindade, ao amparo dos espíritos caídos perante as leis que dão sustentação a todas as manifestações da vida. Esta qualidade divina desse amado Orixá foi interpretada de forma incorreta ou incompleta, e o que definiram no decorrer dos séculos foi que Tatá Omolu é um dos Orixás mais "perigosos" de se lidar, ou um dos mais intolerantes, e isto quando não o descrevem como implacável nas suas punições.

Na verdade, ele é o excelso curador divino, pois acolhe em seus domínios todos os espíritos que se feriram quando, por egoísmo, pensaram que estavam atingindo seus semelhantes. E, por amor, ele nos dá seu amparo divino até que, sob sua irradiação, nós mesmos tenhamos nos curado para retomarmos ao caminho reto trilhado por todos os espíritos amantes da vida e multiplicadores de suas benesses. Todos somos dotados dessa faculdade, já que todos somos multiplicadores da vida, seja em nós mesmos, através de nossa sexualidade, seja nas ideias, através de nosso raciocínio, assim como geramos muitas coisas que tornam a vida uma verdadeira dádiva divina. Omolu, em seu polo positivo, é o curador divino e tanto cura alma ferida quanto nosso corpo doente. Se orarmos a ele quando estivermos enfermos ele atuará em nosso corpo energético, nosso magnetismo, campo vibratório e sobre nosso corpo carnal, e tanto poderá curar-nos quanto nos conduzir a um médico que detectará de imediato a doença e receitará a medicação correta. O orixá Omolu atua em todos os seres humanos, independente de qual seja a sua religião. Fonte: texto adaptado de: http://candomble.wordpress.com/orixas/omulu-obaluaiye/ http://tendadexango.blogspot.com/2007/10/pai-omul.html

 
 
 

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SUA FÉ É RESPEITADA?

          No ano de 1990, meses antes de perder sua irmã de 29 anos de idade para um adenocarcinoma no mediastino, o Pai no Santo passa por uma experiência extremamente desagradável e revoltante, que bem retrata o racismo religioso no Brasil. Isso aconteceu no Iaserj, um hospital para os servidores do Estado do Rio de Janeiro. Era por volta das dezesseis horas. Enquanto acompanhante da irmã, ele decide ir tomar café num bar próximo ao hospital e retorna vinte minutos depois. Tempo que foi suficiente para um pastor entrar no quarto e oferecer uma oração. Voltando então do seu café, ele encontra a irmã que já vinha extremamente debilitada por conta da doença, agora, com semblante ainda mais triste e constrangido. Ele então procura levar palavras de consolo e ânimo, ao que ela responde: “_ Meu irmão, por favor, não quero que esse tipo de religioso venha fazer oração pra mim.” Ele de imediato, pergunta:  “_ O que houve?” Ela então relata o ocorrido: “_ Quando você saiu para tomar seu café, um homem de terno se apresentou como pastor da igreja universal e me perguntou se podia fazer uma oração pra mim, Como ele parecia ser uma boa pessoa e foi muito educado, eu disse que sim. Ele fez a oração, pediu pela minha saúde, e em seguida me perguntou se eu aceitava Jesus Cristo como salvador, e eu respondi que sim. Ele então disse que a partir daquele momento eu estava curada. Só que ele então perguntou qual era minha religião, o que eu respondi, que era espírita. Então ele me disse que eu teria que renegar minha religião. Eu disse que não, jamais iria renegar minha fé. Daí ele falou que infelizmente o câncer voltaria e me levaria pros braços da morte. Eu disse a ele que preferia morrer, a ter que conviver com cristãos como ele. Não quero irmão, não quero esse tipo de gente fazendo oração pra mim.”

            Em outra ocasião, anos depois, o racismo e a intolerância religiosa voltam a atacar o Pai no Santo. Dessa vez, no Hospital Regional Darci Vargas, em Rio Bonito. Indo visitar um Filho de Santo na Unidade Intensiva, o Pai no Santo se depara com uma senhora que estava ao lado do leito de seu filho perguntando se podia fazer uma oração. Como o doente estava sob efeito de fortes medicamentos, não tinha condições de responder; o que fez com que a mulher iniciasse a sua oração. Em voz alta e de tom feroz, ela dizia: “ _ Em nome do Senhor Jesus eu expulso os demônios de Pombagira, Exu, Ogum e todos os demônios dos tambores, das encruzilhadas... .” quando então foi interrompida pelo Pai de Santo; gerando na mulher um comportamento agressivo e ameaçador. Dizia ela, agora em tom mais elevado de voz: “_ Você não pode querer calar a voz de uma ministra de Deus. Seus demônios serão jogados por terra... .” quando então o Pai no Santo pediu ao funcionário responsável pela vigilância da Unidade, que retirasse a mulher do ambiente. No que foi prontamente atendido.

            Esses são dois exemplos dos milhares de outros que acontecem todos os dias, atingindo seguidores das religiões de matriz afro-brasileira. E não é à toa, afinal, não faltam umbandistas que se silenciam diante de tais fatos, e como se não bastasse o silêncio, ainda permitem que seguidores de outras religiões lhes imponham sua fé como sendo superior as demais.

            O Umbandista de fato, sabe sua origem, conhece seus Santos, suas rezas, seus cantos e louvores. Não é de hoje que a Umbanda se livrou do peso do sincretismo, dos santos que nunca foram seus, dos ritos e rituais que nunca lhes pertenceram. O Umbandista de fato, sabe a quem recorrer nas horas de aflição e desespero, e não precisa que outro religioso venha em seu socorro para rezar ou orar. Sim, não precisa! Sabe por quê? Porque o Umbandista sabe que aquela pessoa não está oferecendo uma oração para aliviar teu sofrimento. De forma dissimulada, ela quer que o Umbandista negue sua religiosidade, abandone seus Guias e Orixás. Como pode uma pessoa que frequentemente está na igreja ouvindo e dando glórias a voz de um padre ou pastor, e que não mede palavras para demonizar a Umbanda, orar por quem é Umbandista? De que vale uma oração que sai da mesma boca que chama nossos Santos de demônios?

            O Umbandista de fato, sabe o poder de seus Santos, o sangue que derramaram, o suor sofrido e causticante ardendo na pele preta, o fogo impiedoso das fogueiras da inquisição, a lâmina cortante e afiada das guilhotinas. O Umbandista de fato, sabe que seus ancestrais e antepassados morreram para garantir a liberdade aos seus  descendentes. Trazidos à força e amontoados nos navios negreiros, chegam ao Brasil e são obrigados a se batizarem do lado de fora das Igrejas, porque de acordo com as interpretações bíblicas, o preto era um ser sem alma, amaldiçoado...

            Quando um Umbandista respeita outras manifestações religiosas, não quer dizer que ele tenha que se subjugar. Os Santos da Umbanda também têm suas histórias, sua cultura, suas bênçãos e seus poderes.

            Seu Orixá está vivo e pulsante em você. Não deixe que o matem!

                                                                                                   (Luiz de Miranda-Pai no Santo)

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