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QUARTA-FEIRA: O DIA DO REI!

Foto do escritor: Luiz de MirandaLuiz de Miranda

Atualizado: 7 de jun. de 2023


XANGÔ: LEI, JUSTIÇA E EQUILÍBRIO

(Luiz de Miranda - Pai no Santo)


No “Batuque” do Rio Grande do Sul, no “Xambá” de Pernambuco, nos Candomblés da Bahia, do Rio de Janeiro, Cuba e África; no “Tambor de Mina” do Maranhão e em todos os Terreiros de Umbanda, no Brasil e no mundo, o título de rei, cabe ao Orixá da justiça e do equilíbrio: XANGÔ!

A figura de Xangô no Brasil, além de representar a justiça; a virtude e o equilíbrio; tem também papel essencial na reconstrução, conquistas e manutenção dos direitos assegurados a cultura negra-africana em nosso país.

Manifestação do Divino, Xangô representa a figura do rei, manifestando através de sua força, o senso da justiça, do bem comum, da igualdade e lealdade. Tem como princípio, auxiliar a nós todos, no equilíbrio de nossas emoções e instintos primitivos, a fim de que possamos adquirir posturas mais sensatas e racionais. Afinal, é dado ao homem através do livre arbítrio, a oportunidade da sua evolução espiritual, que é conseguida com o exercício diário da soberania da razão sobre seus instintos e emoções primitivos. A racionalidade, faz com que consigamos o equilíbrio de nossas emoções; passamos a ter um conhecimento mais claro das Leis que nos regem; conseguindo discernir o certo do errado. Xangô é a própria Lei Divina, por excelência; Lei essa, que não é cega e nem falível; pois é aplicada de acordo com o grau de conhecimento de cada um. Ou seja: quem mais sabe; mais é responsável por seus atos. Errar não é humano: errar é uma fraqueza de caráter ou falta de conhecimento da razão, da ética e dos valores espirituais que regem a vida.

Quem consegue aprender e absorver os ensinamentos de Xangô, passam a ter o equilíbrio da Lei. Logo, desenvolvem uma fé inquebrantável, um senso de justiça apurado e um entendimento da ética e dos valores espirituais. E assim, tudo em suas vidas é pesado, pensado, questionado e julgado; só então é realizado!

Pessoas que se sacrificam em benefício dos outros, sem cobrarem nada em troca; se esforçam para serem bons chefes de família; amigos leais e companheiros; filhos gratos e dedicados; estão sempre prontas a servir à sua comunidade no trabalho do bem e da igualdade; dedicados a religião, buscando sempre oferecer conforto e consolo espiritual; são pessoas que conseguiram desenvolver e abraçar os fundamentos e o equilíbrio da Lei.

No entanto, as pessoas que não conseguiram desenvolver o senso da justiça, e, permanecem no estado instintivo e emocional primitivos (emotividade); vivem numa busca insaciável da satisfação pessoal, não se importando a quem possa ferir ou prejudicar. São egocêntricos, orgulhosos, pretensiosos, arrogantes e ambiciosos. Estão sempre se sentindo injustiçadas ou preteridas, quando suas vontades ou expectativas não são atendidas. São pessoas intolerantes com todos que contrariem suas opiniões ou critiquem seus feitos. A emotividade traz graves consequências para nós; pois faz com que nos sintamos injustiçados, abandonados, traídos ou menosprezados.

Precisamos estar sempre atentos ao nosso senso de justiça e o controle de nossas emoções. Com muita paciência, dedicação, estudos e trabalhos no bem, devemos investir dia a dia, minuto a minuto, no conhecimento da sensatez, razão e equilíbrio. Caso contrário, seremos pessoas tomadas pelo egoísmo, desejo de vingança, intransigência e intolerância.

Reconhecemos no Orixá da justiça, a sua realeza, quando atua com veemência no campo da razão, despertando em nós todos a busca do equilíbrio e da imparcialidade; trazendo à luz de nossas consciências os reais valores da vida.

Tudo nasce em Deus e se espalha através de Seus Orixás. Xangô sempre foi evocado como pedra, pois estas, desde sempre, têm grande significado nas edificações morais e materiais da raça humana. Desde as grandes construções milenares, até os dias de hoje, a pedra tem forte significado.

Pai Xangô é a pedra ancestral; é quem está presente em todos os corpos celestes. O Senhor dos astros!

O machado de pedras com duas asas, denominado Oxé, simboliza Xangô e sua realeza. Através dele, Xangô controla os astros e faz justiça!

Xangô é o fogo, chama da Justiça Divina; corta o céu, transforma, protege e ilumina. O fogo da revolução da raça humana, obtido através da fricção nas pedras. O fogo que garantiu e garante até os dias de hoje, a sobrevivência dos seres e suas espécies, seja pelo calor das pedras, seja pelo calor das chamas.

Cultuar Xangô é olhar pra nós mesmos, sem culpas, remorsos ou medos. É olhar para as possibilidades de sermos melhores a cada dia; é perceber que quando nos permanecemos unidos como pedras que formam um alicerce de uma construção, somos fortes. E assim, estaremos protegidos e seguros contra aqueles que não se alegram com nossa alegria.

VIVA O REI!!!!

Fontes:

Vilson Caetano de Souza Junior – Antropólogo

Manual Doutrinário Lurdes de Campos Vieira


Caso queira tomar seu banho de ervas na energia de Xangô, clique na categoria "Ervas dos Orixás", e depois em "O poder das ervas de Xangô"

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SUA FÉ É RESPEITADA?

          No ano de 1990, meses antes de perder sua irmã de 29 anos de idade para um adenocarcinoma no mediastino, o Pai no Santo passa por uma experiência extremamente desagradável e revoltante, que bem retrata o racismo religioso no Brasil. Isso aconteceu no Iaserj, um hospital para os servidores do Estado do Rio de Janeiro. Era por volta das dezesseis horas. Enquanto acompanhante da irmã, ele decide ir tomar café num bar próximo ao hospital e retorna vinte minutos depois. Tempo que foi suficiente para um pastor entrar no quarto e oferecer uma oração. Voltando então do seu café, ele encontra a irmã que já vinha extremamente debilitada por conta da doença, agora, com semblante ainda mais triste e constrangido. Ele então procura levar palavras de consolo e ânimo, ao que ela responde: “_ Meu irmão, por favor, não quero que esse tipo de religioso venha fazer oração pra mim.” Ele de imediato, pergunta:  “_ O que houve?” Ela então relata o ocorrido: “_ Quando você saiu para tomar seu café, um homem de terno se apresentou como pastor da igreja universal e me perguntou se podia fazer uma oração pra mim, Como ele parecia ser uma boa pessoa e foi muito educado, eu disse que sim. Ele fez a oração, pediu pela minha saúde, e em seguida me perguntou se eu aceitava Jesus Cristo como salvador, e eu respondi que sim. Ele então disse que a partir daquele momento eu estava curada. Só que ele então perguntou qual era minha religião, o que eu respondi, que era espírita. Então ele me disse que eu teria que renegar minha religião. Eu disse que não, jamais iria renegar minha fé. Daí ele falou que infelizmente o câncer voltaria e me levaria pros braços da morte. Eu disse a ele que preferia morrer, a ter que conviver com cristãos como ele. Não quero irmão, não quero esse tipo de gente fazendo oração pra mim.”

            Em outra ocasião, anos depois, o racismo e a intolerância religiosa voltam a atacar o Pai no Santo. Dessa vez, no Hospital Regional Darci Vargas, em Rio Bonito. Indo visitar um Filho de Santo na Unidade Intensiva, o Pai no Santo se depara com uma senhora que estava ao lado do leito de seu filho perguntando se podia fazer uma oração. Como o doente estava sob efeito de fortes medicamentos, não tinha condições de responder; o que fez com que a mulher iniciasse a sua oração. Em voz alta e de tom feroz, ela dizia: “ _ Em nome do Senhor Jesus eu expulso os demônios de Pombagira, Exu, Ogum e todos os demônios dos tambores, das encruzilhadas... .” quando então foi interrompida pelo Pai de Santo; gerando na mulher um comportamento agressivo e ameaçador. Dizia ela, agora em tom mais elevado de voz: “_ Você não pode querer calar a voz de uma ministra de Deus. Seus demônios serão jogados por terra... .” quando então o Pai no Santo pediu ao funcionário responsável pela vigilância da Unidade, que retirasse a mulher do ambiente. No que foi prontamente atendido.

            Esses são dois exemplos dos milhares de outros que acontecem todos os dias, atingindo seguidores das religiões de matriz afro-brasileira. E não é à toa, afinal, não faltam umbandistas que se silenciam diante de tais fatos, e como se não bastasse o silêncio, ainda permitem que seguidores de outras religiões lhes imponham sua fé como sendo superior as demais.

            O Umbandista de fato, sabe sua origem, conhece seus Santos, suas rezas, seus cantos e louvores. Não é de hoje que a Umbanda se livrou do peso do sincretismo, dos santos que nunca foram seus, dos ritos e rituais que nunca lhes pertenceram. O Umbandista de fato, sabe a quem recorrer nas horas de aflição e desespero, e não precisa que outro religioso venha em seu socorro para rezar ou orar. Sim, não precisa! Sabe por quê? Porque o Umbandista sabe que aquela pessoa não está oferecendo uma oração para aliviar teu sofrimento. De forma dissimulada, ela quer que o Umbandista negue sua religiosidade, abandone seus Guias e Orixás. Como pode uma pessoa que frequentemente está na igreja ouvindo e dando glórias a voz de um padre ou pastor, e que não mede palavras para demonizar a Umbanda, orar por quem é Umbandista? De que vale uma oração que sai da mesma boca que chama nossos Santos de demônios?

            O Umbandista de fato, sabe o poder de seus Santos, o sangue que derramaram, o suor sofrido e causticante ardendo na pele preta, o fogo impiedoso das fogueiras da inquisição, a lâmina cortante e afiada das guilhotinas. O Umbandista de fato, sabe que seus ancestrais e antepassados morreram para garantir a liberdade aos seus  descendentes. Trazidos à força e amontoados nos navios negreiros, chegam ao Brasil e são obrigados a se batizarem do lado de fora das Igrejas, porque de acordo com as interpretações bíblicas, o preto era um ser sem alma, amaldiçoado...

            Quando um Umbandista respeita outras manifestações religiosas, não quer dizer que ele tenha que se subjugar. Os Santos da Umbanda também têm suas histórias, sua cultura, suas bênçãos e seus poderes.

            Seu Orixá está vivo e pulsante em você. Não deixe que o matem!

                                                                                                   (Luiz de Miranda-Pai no Santo)

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