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SIMPATIAS E ENCANTAMENTOS NO AXÉ DE IANSÃ

Foto do escritor: Luiz de MirandaLuiz de Miranda

Imagem de Iansã sobre sua oferenda

Para conseguir um amor: três dias antes da obrigação, tomar banho de erva de Santa Maria com salsa parrilha, todos os dias, depois do banho de higiene. Jogar o banho do pescoço pra baixo. Antes de enxugar o corpo, dizer: “meu coração se abre para receber o puro e verdadeiro amor.”

Compre nove maçãs bem vermelhas, mel, nove rosas vermelhas (melhor de jardim, caso não consiga pode ser as compradas em floricultura) um prato de papelão ou folhas de mamona, uma caixa de incenso de hibisco ou morango.

Como fazer: pode ser feito embaixo de um bambuzal ou árvore frondosa. Lave as maçãs, com uma faca de ponta, abra um pequeno orifício no alto das maçãs, retirando o cabo. Neste orifício coloque mel. Retire os cabos das rosas e coloque uma a uma sobre as maçãs. Acenda em volta os incensos e diga: “Mãe Iansã, que seus ventos se apressem em me trazer o verdadeiro e leal amor. Que dele eu saiba cuidar e seja cuidada. Eu te saúdo Mãe Iansã na certeza de suas bênçãos em minha vida.”


Para ajudar na cura da depressão: durante os três dias que antecedem a obrigação, tomar todos os dias banho de para-raios, folha de bambu e sementes de girassol (levemente socadas). Após o banho de higiene, jogue o banho de ervas do pescoço pra baixo, ainda com o corpo molhado, diga: “meu corpo, mente e espírito manifestam o grande e maravilhoso poder da fé, da felicidade e autoestima.”

Dentro de um prato branco de louça, coloque seu nome escrito nove vezes num pedaço de papel e por cima, passe mel e cubra tudo com pétalas de flores vermelhas. Compre nove ides de cobre, lave-os em água corrente e coloque-os sobre as pétalas das flores. Acenda um incenso de morango ou sândalo (se possível da massala, pois os incensos pretos causam alergia se acesos em lugares fechados). Por nove dias, acenda um novo incenso, todos os dias. Ao acender o incenso, junte os ides e sacuda-os por alguns segundos, pedindo as bênçãos de Mãe Iansã. Depois dos noves dias, separe os ides. O conteúdo do prato, colocar em um vaso de plantas ou embaixo de uma linda árvore, rasgando o papel com seu nome. Os ides você coloca dentro do seu travesseiro. Repita sempre os banhos de ervas, toda quarta-feira.


Para conseguir um bom emprego: três dias antes da obrigação, tome todos os dias, banho de folhas do pé de nêspera, folhas do para-raios e peregum vermelho, do pescoço pra baixo. Ainda com seu corpo molhado, diga o seguinte: “meus caminhos se abrem pelo poder da espada de Iansã e sob suas bênçãos consigo um ótimo emprego para honrar meus compromissos financeiros neste mundo.”

Compre meio quilo de feijão fradinho e torre numa panela. Depois de torrado, soque ou triture bem no liquidificador. Com uma peneira fina coe o feijão triturado e coloque num pote ou copo de vidro. Consagre o pó a Mãe Iansã dizendo: “Rainha de Oyó, Mãe dos nove filhos, que vosso poder se manifeste nesse preparo e meus caminhos se abram sob as tuas ordens.”

Todos os dias quando for sair de casa, coloque um pouco do pó na palma da mão direita e assopre em direção a rua. Faça isso até terminar o pó.


Para acalmar alguém que anda muito irritado(a): dentro de um pote de vidro, coloque o nome da pessoa escrito sete vezes em tiras de papel, uma maçã partida em quatro pedaços, 7 folhas de erva prata (pode ser seca). Complete o pote com mel e tampe. Guarde em lugar protegido da luz solar e todos os dias, tocando na tampa do pote, diga: mãe Iansã, assim como vencestes os inimigos do seu rei, peço que tire da mente, do coração e da alma de (fulano) todo sentimento de raiva e irritabilidade. Faze-o(a) manso(a) e calmo(a) a fim de que possamos viver em perfeita harmonia.

Deixe o pote no local por tempo indeterminado.


Para ter prosperidade nos investimentos: toda quarta-feira tome banho com as ervas: folhas do pé de romã, peregum vermelho e sementes de girassol.

Forre um prato branco com sementes de girassol descascadas, coloque nove búzios, nove moedas vermelhas, areadas (R$0,05) e uma fava de Iansã. Toda quarta-feira após o banho de ervas, acenda uma vareta de incenso massala de canela ao lado da oferenda, com um copo com água e diga: “poderosos são os ventos de Mãe Iansã que afugentam os inimigos e cobrem de prosperidade os que nela creem.”

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SUA FÉ É RESPEITADA?

          No ano de 1990, meses antes de perder sua irmã de 29 anos de idade para um adenocarcinoma no mediastino, o Pai no Santo passa por uma experiência extremamente desagradável e revoltante, que bem retrata o racismo religioso no Brasil. Isso aconteceu no Iaserj, um hospital para os servidores do Estado do Rio de Janeiro. Era por volta das dezesseis horas. Enquanto acompanhante da irmã, ele decide ir tomar café num bar próximo ao hospital e retorna vinte minutos depois. Tempo que foi suficiente para um pastor entrar no quarto e oferecer uma oração. Voltando então do seu café, ele encontra a irmã que já vinha extremamente debilitada por conta da doença, agora, com semblante ainda mais triste e constrangido. Ele então procura levar palavras de consolo e ânimo, ao que ela responde: “_ Meu irmão, por favor, não quero que esse tipo de religioso venha fazer oração pra mim.” Ele de imediato, pergunta:  “_ O que houve?” Ela então relata o ocorrido: “_ Quando você saiu para tomar seu café, um homem de terno se apresentou como pastor da igreja universal e me perguntou se podia fazer uma oração pra mim, Como ele parecia ser uma boa pessoa e foi muito educado, eu disse que sim. Ele fez a oração, pediu pela minha saúde, e em seguida me perguntou se eu aceitava Jesus Cristo como salvador, e eu respondi que sim. Ele então disse que a partir daquele momento eu estava curada. Só que ele então perguntou qual era minha religião, o que eu respondi, que era espírita. Então ele me disse que eu teria que renegar minha religião. Eu disse que não, jamais iria renegar minha fé. Daí ele falou que infelizmente o câncer voltaria e me levaria pros braços da morte. Eu disse a ele que preferia morrer, a ter que conviver com cristãos como ele. Não quero irmão, não quero esse tipo de gente fazendo oração pra mim.”

            Em outra ocasião, anos depois, o racismo e a intolerância religiosa voltam a atacar o Pai no Santo. Dessa vez, no Hospital Regional Darci Vargas, em Rio Bonito. Indo visitar um Filho de Santo na Unidade Intensiva, o Pai no Santo se depara com uma senhora que estava ao lado do leito de seu filho perguntando se podia fazer uma oração. Como o doente estava sob efeito de fortes medicamentos, não tinha condições de responder; o que fez com que a mulher iniciasse a sua oração. Em voz alta e de tom feroz, ela dizia: “ _ Em nome do Senhor Jesus eu expulso os demônios de Pombagira, Exu, Ogum e todos os demônios dos tambores, das encruzilhadas... .” quando então foi interrompida pelo Pai de Santo; gerando na mulher um comportamento agressivo e ameaçador. Dizia ela, agora em tom mais elevado de voz: “_ Você não pode querer calar a voz de uma ministra de Deus. Seus demônios serão jogados por terra... .” quando então o Pai no Santo pediu ao funcionário responsável pela vigilância da Unidade, que retirasse a mulher do ambiente. No que foi prontamente atendido.

            Esses são dois exemplos dos milhares de outros que acontecem todos os dias, atingindo seguidores das religiões de matriz afro-brasileira. E não é à toa, afinal, não faltam umbandistas que se silenciam diante de tais fatos, e como se não bastasse o silêncio, ainda permitem que seguidores de outras religiões lhes imponham sua fé como sendo superior as demais.

            O Umbandista de fato, sabe sua origem, conhece seus Santos, suas rezas, seus cantos e louvores. Não é de hoje que a Umbanda se livrou do peso do sincretismo, dos santos que nunca foram seus, dos ritos e rituais que nunca lhes pertenceram. O Umbandista de fato, sabe a quem recorrer nas horas de aflição e desespero, e não precisa que outro religioso venha em seu socorro para rezar ou orar. Sim, não precisa! Sabe por quê? Porque o Umbandista sabe que aquela pessoa não está oferecendo uma oração para aliviar teu sofrimento. De forma dissimulada, ela quer que o Umbandista negue sua religiosidade, abandone seus Guias e Orixás. Como pode uma pessoa que frequentemente está na igreja ouvindo e dando glórias a voz de um padre ou pastor, e que não mede palavras para demonizar a Umbanda, orar por quem é Umbandista? De que vale uma oração que sai da mesma boca que chama nossos Santos de demônios?

            O Umbandista de fato, sabe o poder de seus Santos, o sangue que derramaram, o suor sofrido e causticante ardendo na pele preta, o fogo impiedoso das fogueiras da inquisição, a lâmina cortante e afiada das guilhotinas. O Umbandista de fato, sabe que seus ancestrais e antepassados morreram para garantir a liberdade aos seus  descendentes. Trazidos à força e amontoados nos navios negreiros, chegam ao Brasil e são obrigados a se batizarem do lado de fora das Igrejas, porque de acordo com as interpretações bíblicas, o preto era um ser sem alma, amaldiçoado...

            Quando um Umbandista respeita outras manifestações religiosas, não quer dizer que ele tenha que se subjugar. Os Santos da Umbanda também têm suas histórias, sua cultura, suas bênçãos e seus poderes.

            Seu Orixá está vivo e pulsante em você. Não deixe que o matem!

                                                                                                   (Luiz de Miranda-Pai no Santo)

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