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O DIABO QUE HABITA EM VÓS, NÃO HABITA EM NÓS!

Foto do escritor: Luiz de MirandaLuiz de Miranda
Pessoas assistindo uma execução imposta pela Igreja Católica, à época da Inquisição

E tudo começa pelas mãos dos líderes católicos, lá pelos idos do século XII, quando qualquer pessoa que contrariasse os dogmas da Igreja, ou simplesmente, no entender deles, era uma ameaça para a soberania do Catolicismo, eram torturados e levados à fogueira para serem queimados vivos. Foram mais de cem mil mortes ordenadas pela "Santa Inquisição".

O tempo passou, leis foram criadas para assegurar a liberdade religiosa em nosso país. No entanto, aqueles que cometeram tamanha atrocidade, nunca foram punidos. A Igreja Católica se dispôs apenas a pedir perdão.

Fica claro neste triste episódio da história da religião, a preocupação de manter uma soberania absoluta sobre as pessoas. A questão não era "salvar" almas. Era se manter no poder!

Vida que segue...

E nesse passar dos séculos, muitas coisas foram acontecendo em termos religiosos. Dentre elas, a Revolução Protestante, com Martinho Lutero. Daí em diante não pararam mais de criarem Igrejas e toda sorte de seitas. E, que bom: cada um com o direito de professar e viver sua fé, desde que não ofenda a minha, e, essa é a questão aqui!

Fico observando os discursos de ódio "vomitados" boca à fora por líderes religiosos inimigos da Umbanda e das religiões de raízes afro-brasileira: são patéticos! Mostra o quanto alimentam de ódio em seus corações. Gente oca, que se enche de ódio para amedrontar e ameaçar pessoas,a fim de se manterem no poder. Gente que tem medo de ser desmascarada, e por isso se esconde atrás de um Livro, que diz ser sagrado, para não correr o risco de ser questionada. Afinal, esse tipo de gente ensina que as "coisas de Deus" não podem ser questionadas. Eles morrem de medo de nós que questionamos, discutimos e buscamos conhecimento. E aqui falo em conhecimentos, não necessariamente cultura. Até porquê, muitos desses líderes possuem um grau razoável de cultura, o que se faz necessário para poderem persuadir e manipular suas "ovelhas", que por sua vez, são pessoas geralmente ingênuas e carentes. Mas, a questão aqui não são as "ovelhas", mas sim, os seus "pastores". Como é difícil pra essa gente entender que o diabo é uma criação deles, cristãos, e não nossa. Que esse diabo que eles tanto cultuam através de suas palavras e atos vive neles e não em nós! Que o mal que eles tanto associam ao diabo, é simplesmente porque eles alimentam esse diabo todos os dias, fazendo uso da hipocrisia, da mentira, das calúnias e de uma infinidade de iniquidades que proliferam em seus corpos e mentes. Uma gente endiabrada que oferece a salvação depois que você morrer, desde que, enquanto em vida, se converta a religião deles; caso contrário, irá arder eternamente no fogo do inferno. Aliás, inferno que eles criaram para acuar, persuadir e amedrontar.

É lamentável que em pleno século XXI ainda tenhamos que lidar com todo esse horror gerado pela intolerância e preconceito. E só temos uma resposta a dar: seguir nossas vidas amparados pela ética, responsabilidade e compromisso com nossos deveres e obrigações.

Todo cuidado é pouco para não nos deixarmos contaminar pelos sentimentos que movem essas pessoas cheias do diabo em si.

Sejamos tal qual nossos ancestrais: cabeça erguida, resiliência, resistência, coragem e fé. Eles morreram pra que nós pudéssemos viver em liberdade e segurança!

Quem é de Terreiro sabe: "quem não pode com mandinga, não carrega patuá..."

Estejamos unidos pelo bem da liberdade religiosa e pelo fim de todo tipo de preconceito e violência!

Axé!!


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SUA FÉ É RESPEITADA?

          No ano de 1990, meses antes de perder sua irmã de 29 anos de idade para um adenocarcinoma no mediastino, o Pai no Santo passa por uma experiência extremamente desagradável e revoltante, que bem retrata o racismo religioso no Brasil. Isso aconteceu no Iaserj, um hospital para os servidores do Estado do Rio de Janeiro. Era por volta das dezesseis horas. Enquanto acompanhante da irmã, ele decide ir tomar café num bar próximo ao hospital e retorna vinte minutos depois. Tempo que foi suficiente para um pastor entrar no quarto e oferecer uma oração. Voltando então do seu café, ele encontra a irmã que já vinha extremamente debilitada por conta da doença, agora, com semblante ainda mais triste e constrangido. Ele então procura levar palavras de consolo e ânimo, ao que ela responde: “_ Meu irmão, por favor, não quero que esse tipo de religioso venha fazer oração pra mim.” Ele de imediato, pergunta:  “_ O que houve?” Ela então relata o ocorrido: “_ Quando você saiu para tomar seu café, um homem de terno se apresentou como pastor da igreja universal e me perguntou se podia fazer uma oração pra mim, Como ele parecia ser uma boa pessoa e foi muito educado, eu disse que sim. Ele fez a oração, pediu pela minha saúde, e em seguida me perguntou se eu aceitava Jesus Cristo como salvador, e eu respondi que sim. Ele então disse que a partir daquele momento eu estava curada. Só que ele então perguntou qual era minha religião, o que eu respondi, que era espírita. Então ele me disse que eu teria que renegar minha religião. Eu disse que não, jamais iria renegar minha fé. Daí ele falou que infelizmente o câncer voltaria e me levaria pros braços da morte. Eu disse a ele que preferia morrer, a ter que conviver com cristãos como ele. Não quero irmão, não quero esse tipo de gente fazendo oração pra mim.”

            Em outra ocasião, anos depois, o racismo e a intolerância religiosa voltam a atacar o Pai no Santo. Dessa vez, no Hospital Regional Darci Vargas, em Rio Bonito. Indo visitar um Filho de Santo na Unidade Intensiva, o Pai no Santo se depara com uma senhora que estava ao lado do leito de seu filho perguntando se podia fazer uma oração. Como o doente estava sob efeito de fortes medicamentos, não tinha condições de responder; o que fez com que a mulher iniciasse a sua oração. Em voz alta e de tom feroz, ela dizia: “ _ Em nome do Senhor Jesus eu expulso os demônios de Pombagira, Exu, Ogum e todos os demônios dos tambores, das encruzilhadas... .” quando então foi interrompida pelo Pai de Santo; gerando na mulher um comportamento agressivo e ameaçador. Dizia ela, agora em tom mais elevado de voz: “_ Você não pode querer calar a voz de uma ministra de Deus. Seus demônios serão jogados por terra... .” quando então o Pai no Santo pediu ao funcionário responsável pela vigilância da Unidade, que retirasse a mulher do ambiente. No que foi prontamente atendido.

            Esses são dois exemplos dos milhares de outros que acontecem todos os dias, atingindo seguidores das religiões de matriz afro-brasileira. E não é à toa, afinal, não faltam umbandistas que se silenciam diante de tais fatos, e como se não bastasse o silêncio, ainda permitem que seguidores de outras religiões lhes imponham sua fé como sendo superior as demais.

            O Umbandista de fato, sabe sua origem, conhece seus Santos, suas rezas, seus cantos e louvores. Não é de hoje que a Umbanda se livrou do peso do sincretismo, dos santos que nunca foram seus, dos ritos e rituais que nunca lhes pertenceram. O Umbandista de fato, sabe a quem recorrer nas horas de aflição e desespero, e não precisa que outro religioso venha em seu socorro para rezar ou orar. Sim, não precisa! Sabe por quê? Porque o Umbandista sabe que aquela pessoa não está oferecendo uma oração para aliviar teu sofrimento. De forma dissimulada, ela quer que o Umbandista negue sua religiosidade, abandone seus Guias e Orixás. Como pode uma pessoa que frequentemente está na igreja ouvindo e dando glórias a voz de um padre ou pastor, e que não mede palavras para demonizar a Umbanda, orar por quem é Umbandista? De que vale uma oração que sai da mesma boca que chama nossos Santos de demônios?

            O Umbandista de fato, sabe o poder de seus Santos, o sangue que derramaram, o suor sofrido e causticante ardendo na pele preta, o fogo impiedoso das fogueiras da inquisição, a lâmina cortante e afiada das guilhotinas. O Umbandista de fato, sabe que seus ancestrais e antepassados morreram para garantir a liberdade aos seus  descendentes. Trazidos à força e amontoados nos navios negreiros, chegam ao Brasil e são obrigados a se batizarem do lado de fora das Igrejas, porque de acordo com as interpretações bíblicas, o preto era um ser sem alma, amaldiçoado...

            Quando um Umbandista respeita outras manifestações religiosas, não quer dizer que ele tenha que se subjugar. Os Santos da Umbanda também têm suas histórias, sua cultura, suas bênçãos e seus poderes.

            Seu Orixá está vivo e pulsante em você. Não deixe que o matem!

                                                                                                   (Luiz de Miranda-Pai no Santo)

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