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MELÃO DE SÃO CAETANO: SEU PODER E GRAÇA!

Foto do escritor: Luiz de MirandaLuiz de Miranda

MELÃO-DE-SÃO-CAETANO Momordica charantia


Família das Cucurbitáceas. Esta planta chegou ao Brasil com os primeiros escravos negros, os quais a plantaram no jardim da capela São Caetano, nas proximidades da cidade Mariana em Minas Gerais. Por isso acabou recebendo este nome. Daqui se espalhou para todos os estados brasileiros tropicais, sendo também conhecida como fruto de cobra. Trata-se, portanto de uma planta originária da África e da Ásia, atualmente, disseminada como planta invasora no mundo inteiro, pelo menos em regiões tropicais. Os frutos (o arilo vermelho) são comestíveis. Os ramos da planta são usados pelas lavadeiras para lavar e branquear a roupa. Para combater pulgas, piolhos, carrapatos, sarna e percevejos constroem-se camas com os ramos da planta ou prepara-se lavagens do animal, especialmente, cães, com os ramos da planta.

Os negros africanos, carregadores de carga, enrodilhavam o pescoço com as hastes e folhas, contra as dores no pescoço. (PEN.02/275). Na Índia, usa-se esta planta na fabricação da cerveja, em substituição ao lúpulo.

Os frutos são muito apreciados pelos pássaros e além disso são úteis no tratamento do gogo das aves domésticas, quando dado em gotas e com intervalos curtos à galinha doente. Por outro lado, a polpa das sementes, raspada e bem machucada e misturada com vaselina ou sabão comum, fornece unguento, muito bom para provocar a supuração nos casos de tumores, furúnculos e carbúnculos. Theodoro Peckolt (FLO.03/205) Segundo Peckolt, já houve um medicamento licenciado, o Elixir de São Caetano, como antifebril, estomáquico e antiespasmódico. Afirma também que 10 a 15 gotas de tintura das raízes frescas em partes iguais de álcool servem como afrodisíaco. Por ocasião da gripe espanhola, que dizimou 20 milhões de pessoas no mundo inteiro, em 1917, o melão de são caetano foi largamente usado com excelentes resultados e como preventivo da gripe. O autor, G.L. Cruz, recorda-se que, naquela época, estava residindo numa casa da Av. São Francisco, hoje Av. Olegário Maciel, em Belo Horizonte, ocasião em que a espanhola provocava mortes a todo instante, implantando o terror na população. Seu pai, de saudosa memória, ia, todas as manhãs, ao fundo do quintal, à beira do ribeirão do Arrudas, e colhia numa velha cerca, folhas de “são caetano”, com ela preparando o chá, do qual, em casa, todos tomavam duas xícaras ao dia, pela manhã e à tarde. Isso valeu como um admirável preventivo, pois nem uma só pessoa de sua família foi acometida da terrível moléstia. São conhecidos muitos outros casos semelhantes ao que narramos e que se verificaram em outras cidades de Minas. Na cidade de Cataguases, por exemplo, onde a espanhola também grassou, certo médico aconselhava a todo mundo o uso do chá da erva de são caetano, como preventivo e, mesmo, para a cura da enfermidade. Em consequência, o espírito crítico do povo local brindou o distinto facultativo com o apelido de Dr. São Caetano... Segundo o Prof. Matos, esta planta tem sido muito estudada, principalmente em seus países de origem, por suas propriedades hipoglicemiantes e antitumoral, assim como por sua ação antiviral que tem sida avaliada com relação à AIDS, já que a tricosantina, substância presente na planta, uma proteína que inibe a replicação do vírus. (HAR.14/232) Recentemente um pesquisador indiano, Dr Rajesh Agarwal, descobriu que o suco da planta na concentração de 5% em água mostrou ter um potencial assombroso para lutar contra o crescimento de quatro tipos de cânceres de pâncreas pesquisados, dos quais 2 foram reduzidos em 90% e os outros 2, em incríveis 98%, apenas 72 horas após o tratamento. O suco da planta estimula a apoptose da célula cancerígena, que simplesmente fica privada de glicose e por isso, morre. Indicações: carbúnculo, cólicas intestinais, corrimento vaginal (leucorréia), cravos, dermatoses (dartros, eczemas), diabetes, diarréia, dismenorréia (menstruação dolorosa ou abundante), dispepsia, feridas, furunculose, gripe, hanseníase (aliviar as dores), hemorróidas, malária, queimaduras, sarna e úlceras antigas. Ação terapêutica: abortiva, afrodisíaca, AIDS (tricosantina, substância inibidora da replicação do vírus), anti tumoral (momordicina), antiviral, calmante, emenagoga, emética (rai), emoliente, estomacal, febrífuga (malária), hemostática, hipoglicemiante, inseticida, purgativa, resolutiva, vermífuga, vulnerária.


Bibliografia: [CRU] CRUZ, G. L. (1888-?): 1965 - Livro Verde das Plantas Medicinais e Industriais do Brasil – 2 Vol. - 1ª Ed. - Ed. Rodomonte - Belo Horizonte - Brasil - 863 p. - 800 g. [CRU.01/02] [DOU] CARRARA, Douglas (1943- ): 1995 - Possangaba, O Pensamento Médico Popular - Ribro Soft – Maricá (RJ) - 260 p. - 360 g. [DOU.02] 2011 - Possangaba - O Pensamento Médico Popular - 2ª Ed. - Ponto da Cultura – Maricá - 266 p. [DOU.02] [HAR] LORENZI, Harri (1949- ) & Francisco José de Abreu MATOS (1924-2008): 2008 - Plantas Medicinais no Brasil - Nativas e Exóticas (2002) - 2ª Ed. - Ed. Plantarum - Nova Odessa – Brasil


Uso nos rituais:

Usada para ornamentar e fortalecer as obrigações dos Orixás Xangô e Omulu. Em algumas Casas e Nações, essa erva é consagrada também aos Orixás Nanã e Oxum.

O banho do melão de São Caetano traz vibrações de ânimo e boa disposição.

Uma oferenda a Xangô, ornamentada com essa erva, em muito agrada ao Orixá, garantindo assim, proteção contra malfeitores e injustiças. Já nas obrigações do Pai Omulu, raspa-se as sementes dos frutos e mistura-se nas pipocas; funciona como um pedido contra as epidemias e cura de doenças.

Manter as folhas do Melão de São Caetano, sob o travesseiro, auxilia muito na recuperação de pessoas que sofreram derrame ou AVC.

No defumador, usa-se as folhas secas; que servem para limpeza do ambiente familiar ou profissional.

Alguns Pretos-Velhos, gostam de misturar um pouco das folhas e sementes secas (socadas) no fumo de seus cachimbos.

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SUA FÉ É RESPEITADA?

          No ano de 1990, meses antes de perder sua irmã de 29 anos de idade para um adenocarcinoma no mediastino, o Pai no Santo passa por uma experiência extremamente desagradável e revoltante, que bem retrata o racismo religioso no Brasil. Isso aconteceu no Iaserj, um hospital para os servidores do Estado do Rio de Janeiro. Era por volta das dezesseis horas. Enquanto acompanhante da irmã, ele decide ir tomar café num bar próximo ao hospital e retorna vinte minutos depois. Tempo que foi suficiente para um pastor entrar no quarto e oferecer uma oração. Voltando então do seu café, ele encontra a irmã que já vinha extremamente debilitada por conta da doença, agora, com semblante ainda mais triste e constrangido. Ele então procura levar palavras de consolo e ânimo, ao que ela responde: “_ Meu irmão, por favor, não quero que esse tipo de religioso venha fazer oração pra mim.” Ele de imediato, pergunta:  “_ O que houve?” Ela então relata o ocorrido: “_ Quando você saiu para tomar seu café, um homem de terno se apresentou como pastor da igreja universal e me perguntou se podia fazer uma oração pra mim, Como ele parecia ser uma boa pessoa e foi muito educado, eu disse que sim. Ele fez a oração, pediu pela minha saúde, e em seguida me perguntou se eu aceitava Jesus Cristo como salvador, e eu respondi que sim. Ele então disse que a partir daquele momento eu estava curada. Só que ele então perguntou qual era minha religião, o que eu respondi, que era espírita. Então ele me disse que eu teria que renegar minha religião. Eu disse que não, jamais iria renegar minha fé. Daí ele falou que infelizmente o câncer voltaria e me levaria pros braços da morte. Eu disse a ele que preferia morrer, a ter que conviver com cristãos como ele. Não quero irmão, não quero esse tipo de gente fazendo oração pra mim.”

            Em outra ocasião, anos depois, o racismo e a intolerância religiosa voltam a atacar o Pai no Santo. Dessa vez, no Hospital Regional Darci Vargas, em Rio Bonito. Indo visitar um Filho de Santo na Unidade Intensiva, o Pai no Santo se depara com uma senhora que estava ao lado do leito de seu filho perguntando se podia fazer uma oração. Como o doente estava sob efeito de fortes medicamentos, não tinha condições de responder; o que fez com que a mulher iniciasse a sua oração. Em voz alta e de tom feroz, ela dizia: “ _ Em nome do Senhor Jesus eu expulso os demônios de Pombagira, Exu, Ogum e todos os demônios dos tambores, das encruzilhadas... .” quando então foi interrompida pelo Pai de Santo; gerando na mulher um comportamento agressivo e ameaçador. Dizia ela, agora em tom mais elevado de voz: “_ Você não pode querer calar a voz de uma ministra de Deus. Seus demônios serão jogados por terra... .” quando então o Pai no Santo pediu ao funcionário responsável pela vigilância da Unidade, que retirasse a mulher do ambiente. No que foi prontamente atendido.

            Esses são dois exemplos dos milhares de outros que acontecem todos os dias, atingindo seguidores das religiões de matriz afro-brasileira. E não é à toa, afinal, não faltam umbandistas que se silenciam diante de tais fatos, e como se não bastasse o silêncio, ainda permitem que seguidores de outras religiões lhes imponham sua fé como sendo superior as demais.

            O Umbandista de fato, sabe sua origem, conhece seus Santos, suas rezas, seus cantos e louvores. Não é de hoje que a Umbanda se livrou do peso do sincretismo, dos santos que nunca foram seus, dos ritos e rituais que nunca lhes pertenceram. O Umbandista de fato, sabe a quem recorrer nas horas de aflição e desespero, e não precisa que outro religioso venha em seu socorro para rezar ou orar. Sim, não precisa! Sabe por quê? Porque o Umbandista sabe que aquela pessoa não está oferecendo uma oração para aliviar teu sofrimento. De forma dissimulada, ela quer que o Umbandista negue sua religiosidade, abandone seus Guias e Orixás. Como pode uma pessoa que frequentemente está na igreja ouvindo e dando glórias a voz de um padre ou pastor, e que não mede palavras para demonizar a Umbanda, orar por quem é Umbandista? De que vale uma oração que sai da mesma boca que chama nossos Santos de demônios?

            O Umbandista de fato, sabe o poder de seus Santos, o sangue que derramaram, o suor sofrido e causticante ardendo na pele preta, o fogo impiedoso das fogueiras da inquisição, a lâmina cortante e afiada das guilhotinas. O Umbandista de fato, sabe que seus ancestrais e antepassados morreram para garantir a liberdade aos seus  descendentes. Trazidos à força e amontoados nos navios negreiros, chegam ao Brasil e são obrigados a se batizarem do lado de fora das Igrejas, porque de acordo com as interpretações bíblicas, o preto era um ser sem alma, amaldiçoado...

            Quando um Umbandista respeita outras manifestações religiosas, não quer dizer que ele tenha que se subjugar. Os Santos da Umbanda também têm suas histórias, sua cultura, suas bênçãos e seus poderes.

            Seu Orixá está vivo e pulsante em você. Não deixe que o matem!

                                                                                                   (Luiz de Miranda-Pai no Santo)

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